O Frankenstein das raquetas


Este é um desporto em rápido crescimento por todo o mundo no geral e na zona do Campo Grande, em Lisboa, em particular.


Victor Frankenstein ficou famoso por passar noites em claro, a vaguear por cemitérios a recolher corpos que mais tarde, na segurança e humidade do seu laboratório, retalhava e voltava a juntar. O seu objectivo? Criar vida. As coisas não correram muito bem ao nosso amigo Victor, e muito menos à sua criação.

Em 1969, em Acapulco, no México, Enrique Corquera decide reanimar o mito do cientista louco e inventa o Padel. Para o efeito pega em partes inanimadas de outros desportos com raquetas, junta tudo com cuspo e liga a corrente.

Por espantoso que pareça não morre electrocutado. Na verdade, quem apanha um choque sou eu, cerca de 45 anos mais tarde, quando vejo pela primeira vez esta mistura entre campo de ténis e de squash com raquetas de praia. Por acaso até já joguei as três modalidades que compõem o padel de forma isolada, e de todas a que mais gostei foi o squash.

Sou, portanto, um especialista em padel e é por isso que digo, com toda a autoridade, que é impossível isto ser divertido. As pessoas que, por alguma razão desconhecida, se podem ver por aí a jogá-lo pelas noites dentro, em campos recém-criados, têm sempre um ar feliz. Mas, tal como o som frouxo da bola a bater na raqueta, tudo soa a falso. É possível, se olharmos com atenção, distinguir os pontos e a linha com que tudo foi mal cosido.

Este desporto até pode não ser um monstro, mas é sem dúvida um bully. Que o diga o badminton, que deve ser o único desporto de campo com raquetas que não foi considerado suficientemente fixe para ser contemplado na misturada.