Segundo o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento das Famílias 2014 divulgado hoje pelo INE.
“O acesso aos cuidados de saúde constitui uma variável importante para a avaliação da inclusão social e bem-estar das pessoas”, refere o inquérito, divulgado a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se assinala no sábado.
Segundo os dados, em 2014, 5,5% da população com 16 ou mais anos referiu que, em pelo menos uma ocasião, necessitou de cuidados médicos e não os recebeu, e 18,8% necessitou de cuidados dentários e não os recebeu.
A falta de disponibilidade financeira foi a principal razão apontada para a não realização dos exames e tratamentos médicos (53,5%) ou dentários (82,5%) necessários, o que atinge particularmente as pessoas em situação de maior vulnerabilidade.
Esta situação “assumiu proporções bastante significativas”, tendo sido referida por 73,6% das pessoas que se encontravam simultaneamente em risco de pobreza e em privação material relativamente a exames ou tratamentos médicos, e 96,4% relativamente a exames ou tratamentos dentários”, salienta o INE.
De acordo com os dados sobre saúde recolhidos pelo Inquérito às Condições de Vida e Rendimento em 2014, 46% das pessoas com 16 ou mais anos avaliou a sua saúde como boa ou muito boa, enquanto 35,7% classificaram-na de razoável e 18,3% “má ou muito má”.
O estudo verificou que os homens tendem a referir uma avaliação boa ou muito boa com maior frequência (50,6% em 2014) do que as mulheres (42,0%) e o contrário para as auto-avaliações de má ou muito má (14,5% no caso dos homens e 21,6% no caso das mulheres).
Aponta ainda que 35,2% da população residente com 16 e mais anos referiu ter alguma limitação (severa ou não) no desempenho das suas actividades devido a problemas de saúde, sendo a idade um factor relevante para o aumento desta proporção (67,9% para a população idosa em 2014).
O INE observa que o “risco de pobreza aumenta com a existência de algum tipo de limitação”: O risco de pobreza de 21,5% para as pessoas que referiram algum tipo de limitação foi superior ao das que referiram não terem limitações (16,7%).
Os dados recolhidos em 2014 sobre os rendimentos do ano anterior referem também que “o aumento do risco de pobreza em 2013 foi transversal a todos os grupos etários, todavia com diferentes grandezas".
As crianças foram o grupo populacional em que o risco de pobreza foi mais elevado: 25,6% contra 19,1% para a população em idade activa e 15,1% para a população idosa.
“Esta condição tem vindo a manter-se desde 2007, e registou importância acrescida em 2012 e 2013, em que o risco de pobreza infantil foi, respectivamente, de 24,4% e 25,6%, ou seja, mais 5,7 pontos percentuais (p.p.) e mais 6,1 p.p. do que a população em geral”, observa o INE.
As famílias constituídas por um adulto com uma ou mais crianças e as famílias com três ou mais adultos com crianças foram as mais afectadas pelo aumento da pobreza
Em 2013, a população em idade activa continuou a ser o segundo grupo mais afectado pelo aumento do risco de pobreza, com um valor de 19,1%, ou seja, mais 0,7 p.p. do que o valor relativo a 2012 (18,4%).
Lusa