O líder socialista disparou este domingo em Braga, a precisamente uma semana do dia das eleições, com uma referência aos “que muitas vezes dispersam seu voto por outras forças políticas à esquerda” do partido e que estão hoje com o PS. O apelo ao voto útil já esteve mais longe da intervenção de António Costa.
E o candidato socialista diz mesmo que esses votos normalmente mais à esquerda “sabem que é importante o protesto na rua, mas que a única mudança que efectivamente muda é a mudança que produz uma maioria de governo e que essa maioria só se forma com o PS”. Num almoço com cerca de 500 apoiantes do partido, o convidado especial era João Cravinho, mas o ex-ministro socialista acabou por não discursar devido a uma indisposição.
O púlpito ficou entregue a António Costa que mantém a linha do dia anterior no Porto, ao dizer que as “estas eleições são uma oportunidade única e não um campeonato que se joga aos poucos e onde se pode empatar um dia e mesmo assim manter a esperança de chegar ao fim do campeonato em primeiro lugar”. No apelo ao voto, para uma vitória “inequívoca por maioria absoluta”, António Costa atira à “coligação de direita que é hoje dirigida por uma geração de conservadores ultra radicais” e de quem diz, na mesma linha do medo, que “é a coligação de um ciclo esgotado que não tem mais nada de novo a propor aos portugueses que não continuar a fazer o que fizeram nestes quatro anos”.
A manhã de domingo ficou a cargo da JS que, no Centro Cultural Vila Flor em Guimarães, promoveu um encontro de jovens, alguns deles emigrados que participaram via skype no “fórum Portugal tem futuro”. Fo precisamente o testemunho de seis jovens que emigraram por falta de condições para trabalharem em Portugal que centrou o debate e levou o líder do PS a admitir que algo o “aterroriza”. “Só de imaginar que em vez de poder contactar directamente e com facilidade com os meus filhos, posso vir a fazer festas pela internet é algo que me aterroriza e que não quero para o meu país”.
A ideia era dar exemplos de jovens qualificados que emigraram (entre os testemunhos estava uma farmacêutica, um físico de partículas, um engenheiro civil, professores), com a experiência contada na primeira pessoa a partir de vários pontos do mundo (Da Virgínia à Suiça, passando pelo Reino Unido). OS relatos acabaram por sair à medida do PS, com a farmacêutica Ana Rita Vargas, por exemplo, a dizer que saiu de Portugal “porque o primeiro-ministro pediu que quem não estava contente saísse. Mas não percebeu que quem ia receber a mensagem eram as pessoas mais qualificadas do país”. Manuel Carvalho, o engenheiro civil que dá aulas de inglês no Reino Unido, foi o testemunho que se seguiu, atacando o governo quanto à descida da taxa de desemprego: “Claro que está a baixar, eu contribui para isso”.
António Costa havia de pegar nesta deixa para gracejar e dizer que Miguel “já contribuiu mais do que o primeiro-ministro para baixar a taxa de desemprego”. Tiago Brandão Rodrigues, o investigador que o PS colocou a cabeça de lista por Viana do Castelo, disse que a vaga da emigração é “uma solução para a coligação” porque funcionam como “solução para os problemas do desemprego”, ironizou.
Perante uma sala cheia de jovens, essencialmente jotas, o líder socialista atirou à coligação “que quando lhes viram o tapete fugir debaixo dos pés vieram com a pieguice do ‘ai, ai, ianque vem aí a instabilidade. Não, vem aí a estabilidade”, garantiu pedindo o “tudo por tudo” na última semana de campanha. A referência ao famoso “piegas” de Pedro Passos Coelho já tinha sido usada no encontro pelo líder da JS João Torres que afirmou que “a geração piegas é que vai correr com Pedro Passos Coelho e Paulo Portas”. Foi também da sua voz que surgiu uma referência à falha de Passos nos pagamentos à segurança social, noticiada há cerca de um ano, com Torres a apontar a falha do primeiro-ministro: “Quando o próprio primeiro-ministro não paga durante 5 anos as suas próprias contribuições para a Segurança Social…”