A organização não-governamental Fortify Rights acusou os Estados Unidos de darem tratamento preferencial à Malásia e à Birmânia no seu último relatório sobre tráfico humano devido a alegados interesses económicos e políticos.
No caso dos dois países, os Estados Unidos não aplicaram critérios mais apertados apesar “das provas de que falharam na sua luta contra o tráfico de pessoas”, disse a ONG, que trabalha no sudeste asiático, em comunicado.
No relatório do Departamento de Estado norte-americano, apresentado na segunda-feira, as autoridades de Washington mudaram a Malásia do nível 3 para 2, enquanto a Birmânia foi mantida no 2.
O nível 2 inclui países com problemas de tráfico humano graves mas que estão a trabalhar no sentido de os ultrapassar, enquanto o escalão 3 se refere a países que não cumprem os padrões mínimos.
“A decisão em relação à Malásia e ao Myanmar [Birmânia] foi política e não reflecte a realidade do tráfico humano nestes países”, indicou Matthew Smith, diretor executivo da Fortify Rights.
Segundo a ONG, os Estados Unidos querem agradar ao Governo malaio para que seja assinada a Aliança da Associação do Transpacífico (TPP), um tratado comercial com 12 países, incluindo Brunei, Chile, Nova Zelândia, Singapura, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Peru e Vietname.
“Ao contrário da Malásia, o Myanmar não pertence à Aliança da Associação do Transpacífico, mas a Administração de Obama considera o país como uma conquista da política externa dos Estados Unidos, apesar de ter piorado o seu perfil em direitos humanos”, assinala a Fortify Ritghs.
A organização indicou que mais de 150.000 membros da minoria muçulmana rohingya foram forçados a fugir do país desse 2012 devido a perseguição e descriminação por parte da maioria budista do país.
Muitos acabam nas mãos de traficantes de pessoas, que os vendem a barcos pesqueiros e outros sectores industriais da Tailândia e Malásia.
No relatório sobre o tráfico humano, os Estados Unidos mantiveram a Tailândia no nível 3, em que se encontra desde o ano passado.
Lusa