As empresas em Portugal já estão a demorar menos tempo a pagar. A percentagem das que pagam dentro do prazo aumentou 0,9 pontos percentuais (pp) de 2013 para 2014 e desceram as percentagens de empresas com pagamentos com atraso até 90 dias (-0,5 pp) e com mais de 90 dias (-0,4 pp). Esta é uma das conclusões do estudo feito pela Informa D&B e revela que esta regularização dos prazos de pagamento já reflecte os sinais de melhoria da dinâmica empresarial.
“Em 2013, iniciou-se a recuperação no sector privado português: o encerramento de empresas tem vindo a descer desde 2012 e, pela primeira vez desde 2007, houve um declínio no número de insolvências de empresas”, afirma a directora-geral da Informa D&B, Teresa Cardoso de Menezes.
Mas apesar dos sinais de recuperação, a situação dos pagamentos em Portugal é uma das mais críticas entre os países analisados (28 países). A percentagem de empresas portuguesas que cumpre os prazos de pagamento (17,4%) está muito aquém da Europa (37,6%).
Mais de metade das empresas portuguesas (58,9%) pagam com atrasos até 30 dias e a percentagem das que têm pagamentos em falta há mais de 90 dias ascende aos 12,4%, sendo a terceira maior entre os 28 países analisados, a seguir às Filipinas (50,2%) e à Grécia (19,5%) ficando, mais uma vez, aquém da Europa (3,8%).
Segundo Teresa Cardoso de Menezes, “A recessão económica gerou inúmeras dificuldades, especialmente para as pequenas e médias empresas (…) O atraso nos pagamentos, agravado pela maior dificuldade de acesso ao crédito e ao financiamento bancário, tem geralmente um impacto mais negativo em períodos de recessão económica, gerando desequilíbrios financeiros noutros sectores”.
As micro e as pequenas empresas registam a maior percentagem de empresas cumpridoras dos prazos (20,2% e 17,7% das empresas, respectivamente). As grandes empresas concentram se mais no pagamento com atraso até 30 dias (76,6%), com apenas 5% a pagarem até ao dia acordado.
Sectores com melhor desempenho
A agricultura, silvicultura, caça e pesca é o sector com melhor desempenho em termos de pontualidade dos pagamentos com 27,1% das empresas a pagarem dentro do prazo. Já a Construção tem a maior percentagem de empresas que pagam com mais de 90 dias de atraso (21,5%).
Entre os 28 países em análise, estão os três para os quais Portugal mais exportou em 2014: Espanha, França e Alemanha. Espanha registou 46,5% de empresas a pagar dentro do prazo (8,9 pp acima da média europeia), França registou 38,3% e a Alemanha ocupa o segundo lugar no top dos melhores pagadores (74,8%). As empresas que pagam com mais de 90 dias de atraso representam apenas 3,6% em Espanha, 2,3% em França e 0,4% na Alemanha.
Em termos e dimensão, são pontuais nos pagamentos 53,9% e 45,8% das micro e pequenas empresas espanholas, respectivamente, 26,3% das médias e 11,9% das grandes empresas. Em França, 46,1% e 27,5% das micro e pequenas empresas, respectivamente, cumprem o prazo de pagamento, mas apenas 12,4% e 3,9% das médias e das grandes empresas, respectivamente, o fazem. Na Alemanha, mais de metade das empresas de qualquer dimensão é pontual nos pagamentos (micro: 77,6%; pequenas: 75,6%; médias: 66,5%; grandes: 55%).
Em Espanha, o sector com melhor desempenho é a agricultura, silvicultura, caça e pesca, com 57,9% de pagadores pontuais. Em França, a construção é o sector com a maior percentagem de empresas que pagam dentro do prazo (50,5%). Na Alemanha, destaca-se a construção com a maior percentagem de empresas boas pagadoras (78,1%).
Melhores e piores pagadores
Neste estudo, a Dinamarca encabeça o top dos melhores pagadores, com 90,3% de empresas cumpridoras dos prazos de pagamento. O segundo lugar pertence a Taiwan: regista 75,8% de empresas pontuais nos pagamentos. A Alemanha surge em terceiro lugar: tem 74,8% de empresas cumpridoras.
Os três países com uma menor percentagem de empresas a pagarem dentro do prazo são as Filipinas (1,9%), a Austrália (2,8%) e a Nova Zelândia (11,7%). Portugal aparece em quarto lugar (17,4%).