Neste autódromo virtual não há chicanes idiotas para travar o divertimento

Neste autódromo virtual não há chicanes idiotas para travar o divertimento


A solução para quem nunca pilotou um carro de corrida em Le Mans por faltade tempo ou de dinheiro está em Carnaxide.


A entrada do Autódromo Virtual de Lisboa pode confundir qualquer um. Os arbustos nos canteiros que ladeiam a porta não são nem verdadeiros nem virtuais, são de plástico. E não, não estamos em Lisboa, mas em Carnaxide. As vantagens de um autódromo virtual são óbvias quando se pensa na confusão em que se tornou o circuito do Estoril ao longo dos anos. E nem estamos a falar da chicane saca-rolhas.

O ambiente, aqui, é parecido com o de um kartódromo. Pessoal especializado dá instruções e felizmente não precisa de nos dar o capacete da praxe. Em vez de karts temos baquets bem seguras ao chão, prontas a transformar-se em qualquer carro de corrida à escolha, em qualquer traçado do mundo (esta última afirmação pode ser algo exagerada), tudo isto graças ao conjunto volante + pedais + ecrãs + computador.

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Filipe Albuquerque, que tem um sistema igual a este – costuma dar três voltas sempre que chega a casa para afinar trajectórias em circuitos onde vá correr –, mostrou como se faz. Conduziu o seu Audi do campeonato alemão de Turismo pela pista de Le Mans enquanto explicava todo o traçado quase a cada toque no travão ou no acelerador: “Na primeira chicane da recta de Mulsanne trava-se aos 100 metros e entra-se em segunda.”

Quem também dá uma ajuda quando é a nossa vez de conduzir é Francisco Villar, que garante que correr num carro a sério é muito mais divertido. Francisco sabe do que fala, uma vez que já competiu em vários campeonatos, entre eles a Fórmula BMW e a Fórmula 3 espanholas. Também explica que pilotamos um carro de 500 cv do DTM em vez do Audi R18 de Filipe Albuquerque porque nem na sua versão virtual teríamos mãozinhas para o segurar. E nós acreditamos. 

É difícil fazer uma volta ao circuito sem uma saída de pista, mas é tudo uma questão de hábito, claro – nos tempos de Gran Turismo na PlayStation éramos capazes de passar horas a dar voltas aos 22 km da pista preferida, Nürburgring Nordschleife, e até nem éramos nada maus. Já a técnica para sermos mais rápidos em Le Mans era um tanto ou quanto reprovável: cortar as chicanes Ford… Fazer batota nos tempos livres, como é óbvio, não é coisa de que nos orgulhemos. Por isso, a hipótese de poder aliar o puro divertimento da competição virtual a um ambiente regrado parece perfeita.

Filipe Albuquerque, em apenas uma volta, fez o melhor tempo da sessão. O i ficou num honroso (leia-se vergonhoso, caso não tenha havido ninguém a cortar chicanes) sexto lugar entre os jornalistas, mas em primeiro entre os infografistas que se deslocaram ao local.