Steven Governo/Lusa
O Partido Socialista classificar a recondução de Carlos Costa, como governador do Banco de Portugal, como a nomeação “mais partidarizada” dos últimos anos não deixa de ter a sua graça. Carlos Costa foi nomeado, a primeira vez, por José Sócrates (2010), sucedendo a Vítor Constâncio, e foi, nos últimos 30 anos, o único que saltou para a função sem vir directamente das fileiras de um partido ou de um governo da República.
Em 2010, Carlos Costa era visto pelo PS como “um prestigiado economista com larga experiência no sector financeiro”, sobretudo pelas funções que exerceu no Banco Europeu de Investimento e na Comissão Europeia.
Hoje, o PS considera a renomeação do governador “um mau sinal” sobre “o rigor que deve imperar no funcionamento destas instituições”.
Claro que a questão do PS, como se percebe, não é apenas por a nomeação ocorrer a poucos meses das legislativas. É muito mais grave do que isso. O PS entende, e demonstra-o sucessivamente com as suas reacções públicas, que tudo o que seja lugares relacionados com a administração do Estado devem ser preenchidos por bons e disciplinados rapazes cuja característica principal, de preferência, seja o alinhamento incondicional com as políticas do governo.
O problema do PS com Carlos Costa é apenas um. O governador cumpriu a sua função e não alinhou com a estratégia do PS ao longo destes anos de crise financeira. Não lhes foi grato pela nomeação de 2010 e pôs a “credibilidade” e “experiência”, que lhe reconheceram em 2010, à frente de interesses de outra ordem que só ao PS, por questões meramente tácticas, interessavam. É uma besta.
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