Rafa Benítez. As tristezas de Ancelotti são os seus marcos de carreira

Rafa Benítez. As tristezas de Ancelotti são os seus marcos de carreira


Com época abaixo do esperado, o Real Madrid prepara uma mudança no comando técnico. Candidatos são muitos, mas há um favorite.


Os grandes campeonatos da Europa caminham a passos largos para o final, numa altura em que há muito pouco em jogo. Mais uma ou duas jornadas e será tempo de férias. Espanha não é excepção. O Barcelona venceu o campeonato e irá ainda discutir a final da Taça do Rei. Lá fora, o mesmo Barcelona terá ainda de disputar o jogo mais importante da temporada, a final da Liga dos Campeões.

As conclusões são óbvias e dolorosas, pelo menos para alguns. O Real Madrid não irá conquistar nenhum troféu referente apenas a esta época e o grande rival, o Barcelona, está na iminência de um novo triplete, com amplas repercussões em Madrid. A primeira delas, como já vem sendo habitual, será a mudança de treinador. Carlo Ancelotti até pode ter vencido, em duas temporadas no clube, a tão aguardada décima Liga dos Campeões, a Taça do Rei, a Supertaça Europeia e o Mundial de Clubes, mas não ganha nada desde Dezembro de 2014. Ou seja, há muito tempo, na visão dos dirigentes do Real Madrid. Que o digam Queiroz, Pellegrini e Mourinho, os últimos três treinadores do Real Madrid que comandaram a equipa em circunstâncias semelhantes numa temporada, sem vencerem qualquer troféu, e que acabaram por receber guia de marcha. E pouco interessa ao clube que Pellegrini, Mourinho e Ancelotti, por essa mesma ordem, sejam os treinadores com maior percentagem de vitórias da história do Real Madrid.

Quem também está de saída do seu clube, o Nápoles, é Rafa Benítez, com a imprensa italiana a garantir que o destino mais provável do espanhol será o Real Madrid. Rafa Benítez é quase um homem da casa, tendo treinado vários escalões do clube e a equipa B, entre 1986 e 1995. Além disso, é muito amigo do director José Ángel Sánchez, que vê com bons olhos treinadores que incutam disciplina aos seus jogadores.

A escolha de Benítez deverá ser a que mais custará ao orgulho de Ancelotti. Foi contra o espanhol que o treinador italiano perdeu a única de quatro finais da Liga dos Campeões que disputou. Em 2005, e após um apagão colectivo da equipa do Milan, que durou seis minutos, o Liverpool conseguiu marcar três golos, empatando o jogo a três, e levando a decisão para penáltis, onde acabaria por vencer. Ancelotti confessou nunca ter visto uma repetição dessa final, naquele que foi um longo processo de recuperação psicológica. Mas o espanhol não está sozinho na corrida a um das cadeiras mais cobiçadas do mundo do futebol. Jürgen Klopp, Joachim Löw, Zinedine Zidane e Fernando Hierro são outros dos candidatos.

Em Espanha, onde não treina desde 2004, Benítez passou por muito clubes, mas foi no Valencia, onde venceu os dois únicos campeonatos do seu currículo e uma Taça UEFA, que se consagrou. Em 2004 decidiu mudar-se para Inglaterra, em concreto para o Liverpool, onde construiu uma grande equipa, a tal que roubou uma Liga dos Campeões ao Milan de Ancelotti. Nunca foi capaz de lutar pelo campeonato, mas juntou à colecção do Liverpool várias taças ao longo de seis temporadas.

A partir daqui, a carreira de Benítez perdeu toda a constância que lhe era reconhecida. Em poucos anos passou pelo Inter, pelo Chelsea e pelo Nápoles. Venceu troféus em todo o lado, nacionais e internacionais, mas nunca convenceu. No Inter ficou clara a ideia de que os troféus que conquistou – Supertaça e Mundial de Clubes – foram restos, mais que obrigatórios, do legado de José Mourinho. No Chelsea, a mesma ideia se aplicou em relação à conquista da Liga Europa, onde o Chelsea era um colosso em comparação com as restantes equipas. No Nápoles venceu a Supertaça e a Taça, mas nunca conseguiu dar luta à Juventus no campeonato. O salto para o Real Madrid pressupõe uma época de sucesso, noutro clube. No caso de Benítez, parece claramente exagerado, mas o treinador espanhol já nos habituou a grandes voos, quando os méritos não estavam lá.