O Benfica sagrou-se este domingo bicampeão de futebol depois de 10 meses de I Liga em que foi líder (quase) do princípio ao fim, num percurso em que raras vezes olhou para o lado ou para cima.
Nem a perda de cinco titulares (Oblak, Siqueira, Garay, Markovic e Rodrigo), que viriam a ser seis em Janeiro (Enzo Pérez), abalou o novo campeão, após uma pré-época em que também viu sair André Gomes e Cardozo.
Depois de 2014 ser um ano de sonho, com a conquista de Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça, além da final da Liga Europa (derrotado pelo Sevilha), a ansiedade com a perda de tão importantes jogadores não antevia nada de bom.
Uma situação que, uma vez mais, a estrutura ‘encarnada’ soube colmatar, a começar pelo treinador Jorge Jesus, que, ao contrário de todas as suas épocas anteriores (desde 2009/10), entrou finalmente a vencer no campeonato.
A estreia, com o Paços de Ferreira (2-0 na Luz), não podia ser melhor: dois golos fabricados pelo corredor direito da equipa, com Maxi Pereira e Salvio a darem expressão à vitória benfiquista.
Um bom começo que colocou o Benfica entre os vencedores na jornada de estreia da edição 2014/15, numa fase em que muitas são as equipas que se acompanham no ‘ombro a ombro’, até que alguma delas se destaque.
E esse ‘fenómeno’ aconteceu com o Benfica, que em todas as jornadas disputadas apenas não foi líder à terceira, depois de consentir um empate em casa com o rival Sporting (1-1), mas passando a ser o comandante isolado a partir da quinta.
Algo que nunca mais mudou, nem mesmo à oitava jornada, a 26 de Outubro, quando a equipa sofreu em Braga (2-1) a primeira derrota e deixou o FC Porto aproximar-se e ficar a um ponto de distância.
Seguiu-se, da nona à 17.ª (nove jogos), uma série sempre a vencer, enquanto o rival empatava fora com o Estoril (09 de Novembro, 2-2) e perdia em casa precisamente com o Benfica (14 de Dezembro, 2-0), num jogo muito importante nas contas finais.
Com apenas dois deslizes (o FC Porto teve cinco) na primeira volta, o Benfica embalava e transformava-se num sério candidato ao título, mesmo órfão de jogadores, fora das competições europeias (eliminado da ‘Champions’) e da Taça de Portugal.
A primeira metade desta Liga fez brilhar Talisca – que viria a perder a influência e a titularidade -, com o reforço a apontar nove golos até à 13.ª jornada, mas o guarda-redes Júlio César e o avançado Jonas foram contratações cruciais.
Júlio César, sempre que esteve bem fisicamente, roubou a baliza a Artur Moraes, e Jonas passou de dispensado do Valência a goleador na Luz, sendo, juntamente com Lima, uma verdadeira seta no ataque dos ‘encarnados’.
A segunda volta nem começou bem para a equipa, que não soube aproveitar a derrota do FC Porto no Marítimo (que a deixaria com nove pontos de vantagem) e perdeu no dia seguinte na visita ao Paços de Ferreira (1-0), a 26 de Janeiro.
Seria um dos momentos chave, visto que a história iria repetir-se entre os dois, só que à 26.ª jornada foram os ‘dragões’ que não souberam tirar total proveito do desaire do Benfica em Vila do Conde (2-1) e empataram na visita ao Nacional (1-1).
Antes disso, na 20.ª ronda (08 de fevereiro), o Benfica até perdeu algum terreno, com um empate na casa do Sporting (1-1), num resultado que repetiu o da primeira volta e que ‘caiu do céu’ na última jogada (golo de Jardel).
Foi com três pontos de vantagem que o Benfica entrou na reta final desta I Liga, uma diferença reforçada com a vitória por 2-0 no Dragão da primeira volta e que fez com que no clássico da Luz, na 30.ª jornada, a obrigação estivesse do lado do rival.
O jogo terminou como começou, monótono e sem rasgos (0-0), com os ‘dragões’ a serem incapazes de mudar o sentido das coisas e o Benfica, cauteloso, a manter uma diferença (de pontos e de confronto direto) que só a ele lhe convinha.
Estava dada a margem de segurança para um final em que o Benfica goleou (5-0 ao Gil Vicente, fora; 4-0 ao Penafiel, casa), controlou e conseguiu, 31 anos depois, voltar a ser bicampeão português, no terceiro título de Jorge Jesus em seis épocas.
Lusa