Inventou um novo meio de expressão no fim da vida, quando a doença já o maçava. Começou por recortar moldes para usar nas pinturas, mas achou-os mais interessantes que a própria tinta. Pela primeira vez a Tate Modern, em Londres, juntou 120 quadros de “gouaches découpés” para uma retrospectiva. Vanda Marques não embarcou para a inauguração, a 17 de Abril, mas gostava
01 Memory of Oceania 1952-3
Ricos em vida, reduzidos ao essencial da cor, da forma e dos padrões, as últimas obras de Matisse foram feitas de recortes de papel, a única forma de se libertar das complicações do cancro que o prenderam a uma cadeira de rodas. As reacções dos críticos de arte à maior retrospectiva das “collages”na Tate tem sido mais que positiva. “Como com os olhos mas nunca me sinto saciado”, escreveu o crítico do “The Guardian”.
02 Henri Matisse, Icarus 1946
Estava no Centre Pompidou, em Paris, e é uma das peças que se voltam a reunir.Londres é a primeira cidade a receber a exposição, que depois segue para o Moma, em Nova Iorque. Influenciado por Gaugin, Van Gogh e pela arte japonesa, aqui vemos Matisse a interpretar o mito de Ícaro. A sua relação com as cores era especial. “Quando uso o verde, não quer dizer que seja relva. E quando uso o azul também não é o céu.”
03 Blue Nude (I) 1952
Um dos pontos altos da exposição é a reunião dos quadros Blue Nue (I) e Blue Nue (II), que nunca mais se encontraram. Estas obras revelam o interesse do pintor, que nasceu em 1869 e expôs pela primeira vez em 1901, pela figura humana. A crítica do “The Times” considerou a exposição imperdível.
04 The Horse, the Rider, and the Clown 1943-4
As obras na mostra datam de 1937 a 1954, ano em que o pintor francês morreu de ataque cardíaco. Tinha 84 anos o precursor do fauvismo, corrente que rejeitava o impressionismo e procurava celebrar a cor. Uma das suas frases mais famosas era:“Porque é que nunca me aborreço? Porque durante mais de 50 anos nunca parei de trabalhar.”
05 The Snail 1953
Este quadro é irmão do “Memory of Oceania” e nunca mais se juntaram desde o ano da criação. Descrito pela assistente de Matisse, Lydia Delectorskaya, numa carta à Tate em 1976 da seguinte forma:“Matisse tinha papéis pintados a guache pelo seu assistente em todas as cores que ele usava para os ‘papiers découpés’ (recortes). O fundo era branco – com as dimensões que Matisse indicou – e preso à parede e era o assistente que colava os papéis como Matisse queria.”