Até 13 de Julho, o Grand Palais de Paris reúne uma exposição com 200 fotografias de Robert Mapplethorpe. Clara Silva mostra-lhe a maior das homenagens ao fotógrafo que depois de morrer ganhou nova popularidade graças à autobiografia de Patti Smith
Depois de “Just Kids”, a autobiografia de Patti Smith, uma nova legião de fãs de Robert Mappelthorpe começou a surgir. O fotógrafo nova-iorquino, muitas vezes criticado nos circuitos artísticos, tem nos últimos anos recebido homenagens por todo do mundo, em grande parte graças ao livro de Smith publicado em 2010 como derradeira prova de amor ao fotógrafo, companheiro e melhor amigo. Depois de Florença, onde as fotografias de Mapplethorpe estiveram ao lado de esculturas de Miguel Ângelo, uma das suas influências e objecto do seu trabalho, chega a vez de uma homenagem no aclamado Grand Palais de Paris – talvez a mais importante de sempre.
Até 13 de Julho estarão em exposição perto de 200 imagens do fotógrafo que morreu precocemente de sida, em 1989, com 43 anos. As fotografias compreendem várias fases da sua vida, do romance com Patti Smith e da busca artística dos dois pela Nova Iorque dos anos 60/70 (tão bem retratada em “Just Kids”), às incursões no mundo boémio, underground e homossexual da cidade.
Patti Smith, a própria, regressou a Paris para a inauguração desta exposição e até fez uma música a propósito da ocasião: “Vim a Paris em 1969/Em busca de Godard e de Charles Baudelaire/Era a cidade dos meus sonhos/Agora já não sonho mais/Voltei em 2014 em busca de Robert Mapplethorpe/E aqui está.”
Além das fotografias mais provocatórias (o universo gay e o sadomasoquismo eram uma das inspirações de Mapplethorpe), a exposição mostra o período mais classicista, do início do trabalho do fotógrafo.
“O Robert não viveu tempo suficiente para realizar todos os seus sonhos. Enquanto lutava contra a doença, continuava a fotografar. Partiu na flor da idade”, escreve Smith no catálogo da exposição. Esta exposição seria provavelmente um desses sonhos.
Jérôme Neutres, curador da exposição, diz que, mais que fotógrafo, Mapplethorpe era “um artista plástico no sentido mais tradicional”. “Ele mesmo gostava de dizer que a fotografia chegou a ele por mera casualidade, como meio de expressão. E dizia também que se tivesse nascido uns séculos antes tinha sido escultor.”