Torre Eiffel. 125 anos da estrutura temporária


Trapezistas, elefantes, espectáculos de ballet, ringue com um urso patinador, mensagens de guerra interceptadas e até espiões desmascarados. A Torre Eiffel, emParis, foi construída em 1889 para a Exposição Mundial que assinalava os 100 anos da Revolução Francesa. É o monumento pago mais visitado do mundo, com uma média de 7 milhões por ano. Vanda…


Trapezistas, elefantes, espectáculos de ballet, ringue com um urso patinador, mensagens de guerra interceptadas e até espiões desmascarados. A Torre Eiffel, emParis, foi construída em 1889 para a Exposição Mundial que assinalava os 100 anos da Revolução Francesa. É o monumento pago mais visitado do mundo, com uma média de 7 milhões por ano. Vanda Marques fala-lhe das curiosidades da torre que entrou em dezenas de filmes e celebra 125 anos na segunda-feira

Esteve para ser destruída duas vezes. A primeira foi em 1909 e a segunda em 1944. Uma por razões pragmáticas outra por bélicas. Mas expliquemos melhor do que falamos.

Vinte anos depois da sua inauguração, estava prestes a cair por terra já que se tratava da entrada da Exposição Mundial que era temporária. Aliás, quem concorreu para construir a torre para a exposição sabia que um dos pré-requisitos era que devia ser fácil de desmanchar. Isso só não aconteceu porque a câmara de Paris percebeu o seu valor enquanto estação de transmissor telegráfico.

Depois foi Hitler quem decidiu acabar com a estrutura metálica de Gustavo Eiffel, assim que os aliados se aproximaram de Paris, emAgosto de 1944. A ordem para o General Dietrich von Choltitz, governador da Paris ocupada, era clara: destruir a cidade. O seu ícone, a estrutura de ferro com 324 metros de altura e 81 andares, era o primeiro alvo. Mas von Cholitz desobedeceu a Hitler e quando os aliados marcharam sobre a cidade, retiraram a bandeira com a suástica e substituíram-na pela francesa.

E se lhe disser que o próprio Charles De Gaulle também se lembrou de a desmanchar?Calma, a intenção não era acabar com ela, mas sim emprestá-la para a Exposição Mundial no Canadá em 1967. O que valeu foi que a empresa que geria a Torre Eiffel não concordou, porque tinha medo que a dita nunca mais voltasse ao seu local original.

Estes 125 anos são feitos de histórias carregadas de factos bizarros, como um urso a patinar, ou revelações históricas como a descoberta de Mata Hari como espiã. Aqui ficam algumas curiosidades do monumento que mais marcou a cultura pop.

Números. Demorou dois anos, dois meses e cinco dias a ser construída. Levou 18,038 partes metálicas, 50 engenheiros e desenhadores trabalharam na construção que foi feita por 150 trabalhadores na fábrica Levallois-Perret, mais cerca de 300 no local para a montar. O número de parafusos é impressionante:2 500 000 e mais de sete toneladas de ferro. Quanto a tinta, foram necessárias 60 toneladas. Concorreram para o projecto de construção de uma torre de metal no Champ-de-Mars, para celebrar os 100 anos da Revolução Francesa, 107 projectos. Foi o de Gustavo Eiffel a ganhar o concurso e para isso contou com dois engenheiros Maurice Koechlin e Emile Nouguier, e um arquitecto Stephen Sauvestre. O plano era uma torre com 125 metros de largura e 300 de altura. Mas Eiffel queria mais e com afirmou: “com nova configuração das estruturas de metal e dos pilares, vamos exceder os 300 metros.” Ficou com 324. No primeiro ano foram 393 414 os visitantes que subiram os seus 347 degraus.

Aliada de Guerra. Durante a Primeira Guerra Mundial teve um papel muito importante como transmissora de mensagens. Por exemplo, durante a Batalha de Marne enviaram sinais para dirigir as tropas francesas da linha da frente. Foi também através da intercepção de mensagens que se descobriu que a bailarina exótica, Mata Hari, afinal era uma espiã e agente dupla. Tanto trabalhava para os franceses como para os alemães. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Torre Eiffel foi usada para comunicar com o Reino Unido. Mas assim que a cidade foi ocupada pelos nazis, cortaram as ligações de elevador para que não conseguissem subir à Torre.

Bizarrias. A maioria das pessoas ficou encantada com a Torre que rapidamente se tornou um símbolo de Paris. E o número de espectáculos que acolheu também pode ter ajudado.Trapezistas, bailarinas, um elefante como turista – no dia 4 de Junho, de 1948, Bouglione, o director do circo com o mesmo nome, decide oferecer um passeio ao elefante mais velho do mundo (85 anos) que não passa do primeiro piso da torre – e até um ringue de patinagem com direito a um urso a dançar. Até o jornal “Le Figaro” chegou a colocar a sua gráfica no segundo andar, em 1889, para imprimir o jornal bem fresquinho. E quem quisesse pagava um extra para ver o seu nome na primeira página. Também há uma história trágica, quando François Reichelt, um alfaiate, decidiu criar um fato com pára-quedas perfeito para voar. Para testar o seu feito, vestiu o dito fato e saltou do primeiro piso da Torre Eiffel para descobrir, da pior forma, que não funcionava.Acabou por morrer. Mas a loucura à volta desta estrutura de metal era tanta – foi o edifício mais alto do mundo até 1930 quando foi construído o Chrysler Building em Nova Iorque – que chegaram a vendê-la. No fundo, não passou de uma trapaça levada a cabo por vigarista chamado Victor Lustig que em 1925 a vendeu a um ingénuo negociante de metal.

Cinema. A lista de filmes que já mostraram a TorreEiffel é enorme. Nas centenas e tudo terá começado com o filme “Funny Face” (“Ciderela emParis”), em 1957, com Audrey Hepburn e Fred Astaire. Começou a ser sinónimo de romantismo.

Prémios. Ao longo das décadas, cada vez que a Torre Eiffel batia um recorde de turistas decidia presenteá-los com um carro. Quando atingiram o número 35 milhões, em 1959, foi com um rapaz de 10 anos o vencedor. Julien Bertin recebeu do neto de Gustavo Eiffel um carro Simca P60. Os pais não conduziam, mas devem ter tratado disso. Já em 1983, quando receberam 100 milhões de turistas, foi Jacqueline Drouillot a sortuda a receber um Citroen BX Diesel.