Sucessão de Ricardo Salgado reaberta no BES


O processo de sucessão de Ricardo Salgado enquanto presidente da Comissão Executiva do Banco Espírito Santo (BES) foi reaberto depois de se terem avolumado as suspeitas judiciais em torno de diversas operações do Grupo Espírito Santo. Apesar de o mandato do economista terminar em 2015, esta não é a primeira vez que a sua saída…


O processo de sucessão de Ricardo Salgado enquanto presidente da Comissão Executiva do Banco Espírito Santo (BES) foi reaberto depois de se terem avolumado as suspeitas judiciais em torno de diversas operações do Grupo Espírito Santo. Apesar de o mandato do economista terminar em 2015, esta não é a primeira vez que a sua saída está em cima da mesa. Tal como o i noticiou em Novembro, no final do ano passado o assunto já havia sido discutido entre elementos dos vários ramos da família Espírito Santo, que temiam pela imagem do banco depois de Ricardo Salgado ter sido envolvido no processo Monte Branco a propósito de rectificações fiscais que superaram os 8,5 milhões de euros.

O consenso na continuidade de Ricardo Salgado acabou por chegar no primeiro trimestre quando os resultados de 2012 mostraram que as notícias sobre alegados envolvimentos no caso Monte Branco não haviam afectado a instituição bancária. Nesta altura, representantes de dois dos ramos mais importantes da família que controla o BES – José Manuel Espírito Santo e José Maria Ricciardi – garantiram ao “Jornal de Negócios” que não seriam as notícias sobre a situação fiscal do presidente do banco ou sobre as investigações no caso Monte Branco a acelerar o processo de sucessão.

Ricardo Salgado, que sempre disse ter o seu lugar à disposição dos accionistas, também veio a público afastar qualquer fuga ao fisco e assegurar que não estava preocupado com as notícias da sua sucessão.

Porém, segundo o i apurou, as informações trazidas a público nas últimas semanas sobre a investigação do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) à venda da participação do Grupo Espírito Santo (GES) na Escom voltou a tornar instável o futuro de Salgado à frente do BES. Em causa está o desaparecimento de 85 milhões de euros pagos pela Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) ao GES e cujo rasto está a ser investigado pelo departamento liderado pelo procurador Amadeu Guerra.

Tal como i noticiou em Agosto, três administradores da Escom, empresa participada pelo GES até há alguns meses, foram ainda constituídos arguidos no caso dos submarinos por suspeitas da prática do crimes de corrupção activa, branqueamento de capitais e tráfico de influências. Helder Bataglia, Luís Horta e Costa e Pedro Neto enviaram então um comunicado ao i em que asseguravam que actuaram sempre com “o total conhecimento e concordância dos seus então accionistas”, isto é, do GES.

Estas declarações aumentaram significativamente a preocupação da família Espírito Santo sobre os estilhaços dos processos judiciais que rodeiam o GES. Diversos ramos da família receiam que a capacidade de liderança de Ricardo Salgado seja posta em causa, existindo mesmo o receio que o banco possa vir necessitar da ajuda do Estado – como aconteceu com o BPI e o BCP.

Possíveis Sucessores Ao que o i apurou, Ricardo Salgado tem mesmo um delfim preferido para a sua sucessão: Amílcar Morais Pires. Chief Financial Officer do BES, braço direito de Salgado para todas operações e responsável pela área internacional do BES, Morais Pires não é da família Espírito Santo. Mas como Ricardo Salgado afirmou em Janeiro ao “Expresso”, “no grupo [existem] quadros de primeiríssimo valor” não pertencentes à família que poderiam vir a liderar o grupo. Contra si pesa o facto de ter sido indiciado pelo DCIAP por ter comprado acções da EDP e da REN durante a fase de privatização com fundos que nunca foram declarados ao fisco português e de ter sido constituído arguido num outro caso que envolve a venda de de acções da EDP entre o BES Vida e o BES.

Os outros candidatos são José Maria Ricciardi, Bernardo Espírito Santo, Álvaro Sobrinho, e Manuel Fernando Espírito Santo.