Os promotores do Movimento 12 de março (M12M) pretendem criar uma academia da cidadania, “para explicar às pessoas o que é a democracia”.
A revelação foi feita hoje à Agência Lusa por uma das dirigentes do coletivo, a realizadora Raquel Freire, durante uma ação em Lisboa para assinalar o aniversário da manifestação que, há um ano, na capital, mobilizou mais de 300 mil pessoas.
“O ativismo aprende-se”, justificou a cineasta, explicando depois que a academia propõe-se “dar formação específica” a grupos populacionais tão distintos como crianças, mulheres ou trabalhadores precários.
Pretende ainda produzir um manual para ensinar as pessoas a concorrerem às eleições autárquicas, através da criação de movimentos de cidadãos.
“Temos que perder o medo e assumir a responsabilidade”, acrescentou Raquel Freire.
A ação de hoje à tarde, junto à Loja do Cidadão, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, foi apenas convocada uma hora antes através da rede social Facebook e resumiu-se a quatro ativistas a distribuírem folhetos aos transeuntes.
“O objetivo é pôr as pessoas a falar. Esse é o primeiro passo da resistência ”, resumiu Alexandre Sousa Carvalho, um dos participantes e fundador do M12M.
Raquel Freire apresentaria outro mote, pouco depois: “Uma ação política por dia, não sabe o bem que lhe fazia”.
“Estamos a apelar às pessoas para que façam elas mesmas”, insistiu Alexandre Carvalho ao recordar que o manifesto recentemente apresentado pelo Movimento propõe às pessoas a formação de listas para “assaltarem as autarquias” nas eleições locais do próximo ano.
Questionada sobre o que retém nos contactos com as pessoas na rua, Raquel Freire responde quase automaticamente: ”O medo. É a palavra que mais se ouve”.
“As pessoas têm medo da miséria, de perder o emprego” e estão “desiludidas e enraivecidas”, sintetiza.