Golpe de Estado. Companhia das Caldas da Rainha travada às portas de Lisboa


Ontem de manhã começou a constar em Lisboa que oficiais do exército estavam a ser chamados para as diferentes unidades militares para impedirem o acesso a Lisboa de uma companhia autotransportada procedente do Centro do país Essa companhia, segundo informação que fomos obtendo minuto a minuto, viera para a rua motivada pela insubordinação de alguns…


Ontem de manhã começou a constar em Lisboa que oficiais do exército estavam a ser chamados para as diferentes unidades militares para impedirem o acesso a Lisboa de uma companhia autotransportada procedente do Centro do país

Essa companhia, segundo informação que fomos obtendo minuto a minuto, viera para a rua motivada pela insubordinação de alguns oficiais do Regimento de Infantaria 5, aquartelado naquela cidade. Apoiados por outros oficiais que se tinham introduzido no R15, os insubordinados prenderam o comandante, o segundo comandante e três majores do referido regimento e fizeram-se à rua com tropas. O destino, como se pode ver pela nota oficiosa, era Lisboa.

Enquanto se procedia à chamada de oficiais, o país entrava em prevenção rigorosa, Lisboa tornou-se numa cidade controlada e na auto-estrada do Norte, entre as sete e as nove da manhã não foi permitida a passagem de qualquer automóvel.

Ao ver-se interceptada a companhia autotransportada resolveu retroceder para as Caldas da Rainha. A intercepção foi efectuada por forças de Artilharia 1, de Cavalaria 7 e da GNR. Uma vez a coluna dentro do quartel, logo este foi cercado por unidades da região militar de Tomar. Pode dizer–se que foi o fim da insubordinação.

As mais desencontradas informações chegavam, entretanto, a Lisboa: as ruas de Vila Franca de Xira estavam a ser patrulhadas por marinheiros; tropas de Chaves e de Penafiel, iam a caminho do Porto; outras de Beja dirigiam-se, por sua vez, para Lisboa, etc.

Os oficiais insubordinados foram detidos e transportados para uma unidade militar.

Recorde-se que dois anteriores movimentos militares também colocaram de prevenção as autoridades: o da Mealhada (uma coluna que sai do Porto e é detida naquela localidade por tropas vindas de Coimbra) e o de Beja Ocorrido em 31 de Dezembro de 1961.

Da Secretaria de Estado da Informação e Turismo recebemos o seguinte comunicado:

“Na madrugada de sexta-feira para sábado, alguns oficiais em serviço no Regimento de Infantaria 5, aquartelados nas Caldas da Rainha, capitaneados por outros que nele se introduziram, insubordinaram-se (…) O governo já tinha conhecimento que se preparava um movimento de características e finalidades mal definidas, e fácil foi verificar que as tentativas realizadas por alguns elementos para sublevar outras unidades não tinham tido êxito. (…)

Reina ordem em todo o país”.