Embaixada. Às compras no palácio sem precisar de visto


Um dia casa de família de bem, mais tarde reitoria de faculdade, para passar a ser espaço de eventos privados, até set para rodagem de uma série francesa. Ao palácio já só faltavam os vizinhos e conhecidos para trazer a cada divisão o melhor que o comércio alternativo tem para dar. Não é difícil de…


Um dia casa de família de bem, mais tarde reitoria de faculdade, para passar a ser espaço de eventos privados, até set para rodagem de uma série francesa. Ao palácio já só faltavam os vizinhos e conhecidos para trazer a cada divisão o melhor que o comércio alternativo tem para dar.

Não é difícil de encontrar: está assinalado com um “X” em bandeiras azuis, mesmo em frente ao jardim do Príncipe Real, em Lisboa. A letra não tem muito que se lhe diga, quer dizer que aqui é lugar de encontro. Duas estátuas seguram os candeeiros de cada lado, a anunciar a subida com direito a carpete vermelha na escadaria. Um pouco antes, a um canto, vendem-se plantas. A ideia da Embaixada é recuperar um edifício com história, juntando o antigo ao moderno em plena harmonia, sem pretensiosismos. Um estilo que combina com a zona.

“O que faz uma embaixada? Tenta ajudar com contactos, informação, mas não assegura o sucesso de uma empresa. Tenta facilitar. No fundo… é isso que fazemos.” Catarina Lopes, directora-geral da Eastbanc, resume a coisa em poucas palavras. O Palácio Ribeiro da Cunha é agora uma espécie de centro comercial diferente, que prefere as pequenas empresas aos nomes sonantes das grandes superfícies.

Desde 2005 que a Eastbanc e o seu mentor, Anthony Lanier, lançaram vistas sobre o Príncipe Real e traçaram um novo objectivo na zona. Adquirir os edifícios e dar-lhes outra vida tem sido a missão: hoje já se contam 20 espaços de investimento da imobiliária.

Foi há um ano que olharam para o Palácio Ribeiro da Cunha e viram algo novo. Depois da série de a época francesa “Maison Close” ser gravada no interior, a empresa decidiu dar um rumo ao espaço que convidasse a todo o público. Depois das obras, que recuperaram as infra- -estruturas mas mantiveram a autenticidade, veio o processo de juntar as marcas a expor. Há várias na mesma na loja, outras em corredores, nem todas estão de forma permanente. É por aqui, por favor.

Artes e Ofícios A sensação é a de entrar numa casa e andar a bisbilhotar as coisas dos outros. Cada quarto tem uma história para contar. No piso de baixo, a Amélie au Théatre, uma marca já conhecida com criações, dos sapatos à bijuteria, de inspiração passada e para fazer sonhar. Paredes meias, a Teresa Lopes Alves, um espaço de música com antigas guitarras, discos e vinis expostos em antigas gavetas de madeira. A poucos passos, tempo para ser surpreendido pelo primeiro espaço exclusivo da Moleskine, reconhecida marca de papelaria que na Embaixada apresenta um amplo leque de opções com bolsas e outros acessórios. Mesmo ao lado, a decoração da Intemporal, com ofertas inesperadas para casa – e logo adiante um novo lugar para um homem se entreter em propostas no masculino, de calçado a aventais pontuados pela elegância da pele ou do corte.

“A zona é cada vez mais atraente para o turismo e é um turismo que está interessado em produtos únicos, inovadores e que sejam específicos do país que estão a visitar”, adianta Catarina enquanto espreitamos outra sala, desta vez ocupada por quatro produtos diferentes: a Paez, para calçar em todas as cores e feitios, O da Joana, para vestir no feminino, a Menina e Moça, com acessórios para acompanhar, e ainda a decoração para casa com opções de matéria-prima reciclável. Antes da escadaria, a Organii em vertente bebé, produtos biológicos para os mais pequenos e até fraldas de pano, que o passado tem destas coisas.

As pinturas em grande escala, na parede, ajudam à subida. Na primeira porta é possível encontrar a Urze, uma junção de diferentes marcas com atenção à matéria, especial destaque para casacos e outra moda personalizável com lã da serra da Estrela. Capacetes, colares, bancos, skates, malas, uma grande misturada de produtos, é a Temporary Brand, um espaço que acolhe propostas muito diferentes, tempo para se perder a descobrir a cada canto. Na próxima paragem, a Organii cosmética, que terá brevemente espaço dedicado a massagens e outros tratamentos de bem-estar, a Boa Safra, com mais opções para a casa, e a Pavão, com artesanato e extravagância. A mesma palavra serve de passagem para a Storytailors, da dupla de criadores portugueses. A fechar o segundo piso está uma sala multi-usos, neste momento ocupada com uma mostra de calçado da Xuz, também de selo nacional.

Nos corredores, quadros com pinturas coloridas (também para venda); já lá em baixo, sabrinas ou velas. Todos os projectos são bem-vindos para experimentar o que é afinal ter negócio na zona. E é para isto que a Embaixada serve, conta Catarina, para dar a oportunidade de novos nomes, artistas e ideias chegarem ao grande público.

Outros Planos Na varanda do restaurante da Embaixada, o Le Jardin, é possível apreciar a vista para as traseiras, ainda em fase de reabilitação. Ao todo calcula-se um hectare de espaço ao ar livre que brevemente deverá também ser estacionamento gratuito para quem estiver de visita à Embaixada. Há ainda cavalariças que devem estar integradas num projecto com pernas para andar: experiências de vinho do Porto que devem acontecer entre essa zona e a cave, pronta para receber os turistas ansiosos por uma lição com prova. Já o último piso – que neste momento não está aberto ao público – deverá ficar reservado a ateliês, workshops ou pequenos escritórios.

Espalhar o conceito é o objectivo. Outros espaços, como o Palácio Castilho (neste momento a funcionar como showroom da Pepe Jeans), podem vir a acolher a lógica de centro comercial alternativo.

A Embaixada está aberta todos os dias. As lojas das 12h00 às 20h00 e o restaurante com horário alargado, para jantar.