Casas de banho


Há uns anos que tenho a sorte de ter opinião publicada, em blogues de referência, neste e noutros jornais. Mas há muitos anos que não via uma silly season tão pouco interessante como esta. Ninguém nota que estamos a menos de dois meses de eleições, principalmente na nossa direita, que parece conformada com a tempestade…


O assunto do momento são as casas de banho e vestiários das escolas públicas. O que diz muito sobre o estado do debate político nacional, mas também sobre os seus principais intervenientes. Estamos ao nível da retrete e parece que ainda ninguém deu por isso.

Se, por eu ser de direita, estava à espera de uma crónica reacionária, vá tirando o cavalinho da chuva. Lamento muito desiludir, mas o conservadorismo não é nem nunca foi a minha praia. Estou para o conservadorismo como para as bolas-de-berlim. São interessantes, é verdade, mas não me fazem sair da piscina para me enfiar na tourada que são as nossas praias em agosto.

Ao que parece, a “nossa” esquerda fez aprovar um diploma que quer colocar as meninas e os meninos a escolherem quais as casas de banho que querem frequentar. A lei obviamente que é estúpida e que diz muito sobre os deputados moderninhos que a aprovaram. É gente que vive em Lisboa e que gostava era de viver em Nova Iorque. Malta de fatos baratos, costumes rudes, mas que acha que tem muito mundo. Gente do Cacém que, depois de ter ido duas vez ao Papa Açorda e à Bica do Sapato, se acha nascida e criada na esquina da Quinta Avenida com a Tiffany. Que eles não sabem, mas é precisamente onde fica a Trump Tower.

A lei é obtusa a vários níveis. Primeiro, porque parte do princípio de que o conforto de uma minoria se deve sobrepor aos direitos da maioria. Depois, porque parte do princípio de que Portugal começa nas Amoreiras e acaba no Saldanha. E, por fim, porque é uma lei absolutamente inútil para que se acabe de vez com a discriminação em função da orientação sexual.

Sou absolutamente favorável à união civil e à adoção por pessoas do mesmo sexo. Mas discordo frontalmente de políticas discriminatórias que coloquem os direitos de uns à frente dos outros. Metam na cabeça: somos todos iguais. Nem mais, nem menos. Nem menos um privilégio, nem mais um direito. Esta é a base do pensamento liberal que tantos apregoam, mas que tão poucos defendem na sua essência.

O que a esquerda unida pretende é precisamente o contrário: em vez de unir, cria desavenças com base em narrativas políticas inventadas à pressão. Para esse campeonato, não contem comigo. Ganhem mundo e depois tornem-se deputados. Não é tudo, mas pelo menos seria um bom princípio.

 

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Há uns anos que tenho a sorte de ter opinião publicada, em blogues de referência, neste e noutros jornais. Mas há muitos anos que não via uma silly season tão pouco interessante como esta. Ninguém nota que estamos a menos de dois meses de eleições, principalmente na nossa direita, que parece conformada com a tempestade…


O assunto do momento são as casas de banho e vestiários das escolas públicas. O que diz muito sobre o estado do debate político nacional, mas também sobre os seus principais intervenientes. Estamos ao nível da retrete e parece que ainda ninguém deu por isso.

Se, por eu ser de direita, estava à espera de uma crónica reacionária, vá tirando o cavalinho da chuva. Lamento muito desiludir, mas o conservadorismo não é nem nunca foi a minha praia. Estou para o conservadorismo como para as bolas-de-berlim. São interessantes, é verdade, mas não me fazem sair da piscina para me enfiar na tourada que são as nossas praias em agosto.

Ao que parece, a “nossa” esquerda fez aprovar um diploma que quer colocar as meninas e os meninos a escolherem quais as casas de banho que querem frequentar. A lei obviamente que é estúpida e que diz muito sobre os deputados moderninhos que a aprovaram. É gente que vive em Lisboa e que gostava era de viver em Nova Iorque. Malta de fatos baratos, costumes rudes, mas que acha que tem muito mundo. Gente do Cacém que, depois de ter ido duas vez ao Papa Açorda e à Bica do Sapato, se acha nascida e criada na esquina da Quinta Avenida com a Tiffany. Que eles não sabem, mas é precisamente onde fica a Trump Tower.

A lei é obtusa a vários níveis. Primeiro, porque parte do princípio de que o conforto de uma minoria se deve sobrepor aos direitos da maioria. Depois, porque parte do princípio de que Portugal começa nas Amoreiras e acaba no Saldanha. E, por fim, porque é uma lei absolutamente inútil para que se acabe de vez com a discriminação em função da orientação sexual.

Sou absolutamente favorável à união civil e à adoção por pessoas do mesmo sexo. Mas discordo frontalmente de políticas discriminatórias que coloquem os direitos de uns à frente dos outros. Metam na cabeça: somos todos iguais. Nem mais, nem menos. Nem menos um privilégio, nem mais um direito. Esta é a base do pensamento liberal que tantos apregoam, mas que tão poucos defendem na sua essência.

O que a esquerda unida pretende é precisamente o contrário: em vez de unir, cria desavenças com base em narrativas políticas inventadas à pressão. Para esse campeonato, não contem comigo. Ganhem mundo e depois tornem-se deputados. Não é tudo, mas pelo menos seria um bom princípio.

 

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