Camas em UCI podem chegar às 1000 “com prejuízo” de outra atividade assistencial

Camas em UCI podem chegar às 1000 “com prejuízo” de outra atividade assistencial


Destas mil camas “só estão excluídas aquelas que são resposta a cuidados intensivos coronários, queimados, neonatologia… Muito pouca coisa”, diz Marta Temido.


A ministra da Saúde, Marta Temido, disse, numa altura em que o número de internamentos em unidades de cuidados intensivos atinge recordes pelo segundo dia consecutivo – existem 517 pessoas internadas em UCI -, que as camas nestas unidades podem chegar ,"no limite máximo", até às mil, em entrevista ao Público e à Renascença realizada esta terça-feira e publicada hoje. A governante admitiu ainda que o facto de o número de internamentos continuar a aumentar pode prejudicar o atendimento a outras patologias. 

Marta Temido afirmou que a situação “é muito grave” mas sublinha que o SNS dispõe de "alguma capacidade de ajustamento" no número de camas de UCI e que é possível numa primeira fase chegar até às 589 camas para doentes covid-19 e "até cerca de mil camas com prejuízo de outra atividade assistencial". Destas mil camas “só estão excluídas aquelas que são resposta a cuidados intensivos coronários, queimados, nenatologia… Muito pouca coisa”, diz Marta Temido.

A ministra disse ainda que já foram identificados 500 funcionários de saúde para ajudar o SNS no rastreio de doentes e que estes profissionais vão receber agora formação. “Serão profissionais com vínculo à Administração Pública de várias áreas consideradas como potencialmente adequadas à realização deste trabalho. Já estão contactados, a questão é a da formação", explica Marta Temido, que apelida a mesma de rápida e acessível. 

Questionada sobre quando é que esta equipa irá começar a trabalhar, a governante diz que quando a formação dos militares, "que é a primeira linha de montagem" terminar.

Recorde-se que o presidente do Colégio de Medicina Intensiva alertou esta semana, em declarações ao i, que não é seguro reduzir as camas de UCI para doentes não covid-19. José Artur Paiva explicou que o país tem 1065 camas de UCI, das quais 589 estão dedicadas a doentes covid-19. Das camas reservadas a doentes com outras patologias, 85% estão ocupadas.  “O nosso compromisso, e não podemos desistir desse compromisso, é garantir acessibilidade a medicina intensiva a doentes com covid 19 e não covid. E para isso é muito importante não reduzir as camas para não covid-19 abaixo de um determinado valor que garanta essa acessibilidade. Estamos nesse valor”, alertou o médico.