As mulheres continuam a ser as principais vítimas de assédio moral (16,7%) e de assédio sexual (14,4%) nos seus locais de trabalho em Portugal, mas os homens também já entraram nestas estatísticas. Esta é a principal conclusão do estudo “Assédio Sexual e Moral no Local de Trabalho em Portugal”, desenvolvido pelo Centro Interdisciplinar de Estudos de Género, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego. O último levantamento foi feito em 1989, mas só incluía o assédio sexual entre o sexo feminino. Agora, junta-se o assédio moral (ver entrevista ao lado) nos resultados, ontem apresentados, que demonstram “uma realidade violenta nos locais de trabalho em Portugal”, dizem os investigadores.
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Existe toda uma radiografia que identifica os protagonistas, os tipos de queixas, as consequências e finalmente onde é que estas ocorrem. Patrões são os principais agressores, provocar o stresse e pressão sobre o funcionário é, por outro lado, o assédio mais frequente e estes casos acontecem sobretudo na restauração e comércio.
O dado novo, contudo, relaciona-se com o facto de, neste projecto, estarem contemplados também os homens como vítimas, sendo mais frequente serem alvo de assédio moral ( 15,9%) do que sexual (8,6%) no emprego. De uma perspectiva mais abrangente, entre as 1,801 entrevistas, 16,5% já sofreu, pelo menos uma vez durante a sua vida profissional algum tipo de assédio moral e 12,6% assédio sexual.
O projecto teve como objectivo fazer um “levantamento das tendências principais em Portugal, por ainda hoje observarmos pouca consciência social no nosso país”, diz a coordenadora Anália Torres. Mas a equipa pretende prosseguir com entrevistas mais profundas. Os resultados deste estudo são só o primeiro passo. Trata-se de um “retrato preliminar do país”, diz a investigadora.