Aeroporto


Definir o novo sistema aeroportuário é uma decisão que precisa de todos, mas não pode ficar à espera de quem em ultima análise não quer solução nenhuma.


Há mais de uma década, no exercício das funções oficiais que então ocupava, reuni em Nova Deli com o Vice-Primeiro Ministro do Governo Indiano. Dessa reunião guardei memória de uma conversa muito interessante e focada na cooperação entre os dois Países no domínio da ciência, da inovação e sobretudo do desenvolvimento das energias renováveis.  

Os acontecimentos recentes no nosso País recordaram-me também uma simpática troca informal sobre os fortes laços culturais que unem os dois povos. Entre eles, o responsável indiano fez questão de destacar a permanência mais forte desses laços em Goa com grandes vantagens e também com algumas idiossincrasias próprias. Uma delas, atual naquele momento, era a dificuldade em estabelecer um consenso sobre a localização de um novo aeroporto, fundamental para o desenvolvimento do Estado. Recordo-me de lhe ter dito que a mesma incapacidade de consenso estava a atrasar a necessária decisão em Portugal. Não imaginava nessa altura que uma dúzia de anos depois essa asserção ainda seria válida, pelo menos no nosso caso.

Este texto não é sobre o curto circuito de comunicação que fez com que a localização e o inicio das obras para solucionar de forma estrutural o congestionamento aeroportuário que se vive no Aeroporto Humberto Delgado aterrasse de supetão na abertura dos telejornais, na primeira página dos Jornais e no frenesi das redes sociais, em dia de Cimeira da Nato e de Conferência dos Oceanos em Lisboa. É sobre o facto em si. Tomar decisões sobre o modelo aeroportuário no País é urgente. Cumpram-se todas as boas práticas no processo de decisão, mas decida-se, porque a decisão urge.

Portugal é, e isso é assumido em todas as visões estratégicas globais e sectoriais sobre o seu futuro, um país global, de rede e de interligação, fazedor de pontes, integrador e criativo. Nenhuma destas perspetivas dispensa uma boa rede de acessibilidades e integração, em que o desenvolvimento de um Hub aeroportuário competitivo, centralizado ou em modo reticular, é indispensável, conjugado com a rede ferroviária e rodoviária e com a aposta forte do País no turismo sustentável e em indústrias inovadoras e novos serviços capazes de atrair talentos e produzir riqueza a uma escala global. 

Temos muitas vezes a tendência, para vislumbrar coisas boas no que não corre bem, acredito que reforçada no meu caso e nesta circunstância, pelo facto de ser militante do PS, apoiante da solução governativa que os portugueses lhe outorgaram e eleito em seu nome como deputado ao Parlamento Europeu.  

Acho que não vale a pena pôr achas na fogueira sobre o episódio que fez manchetes, nem desenvolver elaboradas teorias explicativas sobre o que talvez tenha sido apenas uma soma infeliz de coincidências. Penso, no entanto, que é fundamental aproveitar a erupção politica e mediática que se gerou para darmos força ao movimento de opção e concretização da nova solução aeroportuária para Lisboa e para Portugal. 

Definir o novo sistema aeroportuário é uma decisão que precisa de todos, mas não pode ficar à espera de quem em ultima análise não quer solução nenhuma. A solução não é não decidir. É fazer acontecer o mais depressa possível dentro das regras democráticas e transparentes de tomada de decisão. 

Eurodeputado do PS

Aeroporto


Definir o novo sistema aeroportuário é uma decisão que precisa de todos, mas não pode ficar à espera de quem em ultima análise não quer solução nenhuma.


Há mais de uma década, no exercício das funções oficiais que então ocupava, reuni em Nova Deli com o Vice-Primeiro Ministro do Governo Indiano. Dessa reunião guardei memória de uma conversa muito interessante e focada na cooperação entre os dois Países no domínio da ciência, da inovação e sobretudo do desenvolvimento das energias renováveis.  

Os acontecimentos recentes no nosso País recordaram-me também uma simpática troca informal sobre os fortes laços culturais que unem os dois povos. Entre eles, o responsável indiano fez questão de destacar a permanência mais forte desses laços em Goa com grandes vantagens e também com algumas idiossincrasias próprias. Uma delas, atual naquele momento, era a dificuldade em estabelecer um consenso sobre a localização de um novo aeroporto, fundamental para o desenvolvimento do Estado. Recordo-me de lhe ter dito que a mesma incapacidade de consenso estava a atrasar a necessária decisão em Portugal. Não imaginava nessa altura que uma dúzia de anos depois essa asserção ainda seria válida, pelo menos no nosso caso.

Este texto não é sobre o curto circuito de comunicação que fez com que a localização e o inicio das obras para solucionar de forma estrutural o congestionamento aeroportuário que se vive no Aeroporto Humberto Delgado aterrasse de supetão na abertura dos telejornais, na primeira página dos Jornais e no frenesi das redes sociais, em dia de Cimeira da Nato e de Conferência dos Oceanos em Lisboa. É sobre o facto em si. Tomar decisões sobre o modelo aeroportuário no País é urgente. Cumpram-se todas as boas práticas no processo de decisão, mas decida-se, porque a decisão urge.

Portugal é, e isso é assumido em todas as visões estratégicas globais e sectoriais sobre o seu futuro, um país global, de rede e de interligação, fazedor de pontes, integrador e criativo. Nenhuma destas perspetivas dispensa uma boa rede de acessibilidades e integração, em que o desenvolvimento de um Hub aeroportuário competitivo, centralizado ou em modo reticular, é indispensável, conjugado com a rede ferroviária e rodoviária e com a aposta forte do País no turismo sustentável e em indústrias inovadoras e novos serviços capazes de atrair talentos e produzir riqueza a uma escala global. 

Temos muitas vezes a tendência, para vislumbrar coisas boas no que não corre bem, acredito que reforçada no meu caso e nesta circunstância, pelo facto de ser militante do PS, apoiante da solução governativa que os portugueses lhe outorgaram e eleito em seu nome como deputado ao Parlamento Europeu.  

Acho que não vale a pena pôr achas na fogueira sobre o episódio que fez manchetes, nem desenvolver elaboradas teorias explicativas sobre o que talvez tenha sido apenas uma soma infeliz de coincidências. Penso, no entanto, que é fundamental aproveitar a erupção politica e mediática que se gerou para darmos força ao movimento de opção e concretização da nova solução aeroportuária para Lisboa e para Portugal. 

Definir o novo sistema aeroportuário é uma decisão que precisa de todos, mas não pode ficar à espera de quem em ultima análise não quer solução nenhuma. A solução não é não decidir. É fazer acontecer o mais depressa possível dentro das regras democráticas e transparentes de tomada de decisão. 

Eurodeputado do PS