Quinta-feira, 11 de Janeiro de 2007. O futebol nos EUA começou a mudar definitivamente com o anúncio da transferência de David Beckham para os LA Galaxy. “Não vou jogar para os EUA para ser uma estrela, vou para fazer parte da equipa, para trabalhar arduamente e, se tudo correr bem, ganhar títulos. Comigo, tudo tem a ver com o futebol. Vou para fazer uma diferença, vou para jogar futebol. Não estou a dizer que o facto de ir jogar para os Estados Unidos vai fazer do futebol o maior desporto norte-americano. Isso é difícil. Basebol, basquetebol e futebol americano já estão em cena há muito tempo, mas não aceitaria este desafio se não achasse que conseguiria ter algum impacto”, disse na altura.
Os olhos do mundo voltaram-se novamente para um país que já tinha acolhido estrelas como Pelé e Eusébio. Desta vez, a Major League Soccer (MLS) procurava dar o impacto que faltava desde a explosão de praticantes com a organização do Mundial em 1994. De 2007 a 2012, os Galaxy foram a equipa da moda, serviram de anfitriões a algumas das digressões dos tubarões europeus e alcançaram dois títulos: 2011 e 2012.
David Beckham somou mais um campeonato nacional aos de Inglaterra e Espanha (este ano acrescentou o francês) e terminou a carreira com a sensação de dever cumprido. Ou quase.
O antigo internacional inglês não está disposto a esquecer o “soccer” e tem andado a negociar a criação de uma equipa em Miami. Agora parece surgir um parceiro de luxo. LeBron James é bicampeão da NBA ao serviço dos Miami Heat e o futebol não é um negócio que lhe passe ao lado, já que se assume como um dos proprietários do Liverpool devido à percentagem que detém no Fenway Sports Group. Ontem, LeBron James confirmou que está em negociações com David Beckham, tendo em vista a criação de uma nova equipa. “Há interesse das duas partes. O David tornou-se um bom amigo durante os últimos anos e creio que será bom para a cidade se tiver uma equipa de futebol”, explicou.
David Beckham é um fã confesso da NBA e, durante os anos que viveu em Los Angeles, foi uma presença assídua na primeira fila do Staples Center, nos jogos dos Lakers. Neste momento, está a atacar a outra costa norte-americana, mas o processo está ainda numa fase prematura. Pelo menos, é essa a informação transmitida por LeBron James: “A pesquisa ainda está a ser feita, mas acho que pode ser algo em grande. Não há certezas. Acho que esta é uma grande cidade para o futebol, há vários jogadores de futebol aqui e muita juventude dedicada a este desporto.” A cidade do sul da Florida pode não ter a fronteira com o México a influenciar, como no caso da Califórnia, mas não deixa de ter um enorme impacto latino. De acordo com os dados dos censos de 2010, 70% dos quase 400 mil habitantes da cidade eram hispânicos ou latinos.
O aparecimento de uma equipa de futebol na Florida vai acabar com uma lacuna que dura desde 2001. Na altura, o estado norte-americano tinha duas equipas (Miami Fusion em Fort Lauderdale e Tampa Bay Mutiny em Tampa), mas ficou a zeros com a decisão da MLS de encurtar o tamanho da liga (12 para 10) devido aos prejuízos. Os tempos mudaram e Beckham poderá ter uma força fundamental para inverter a situação.
“O meu interesse tem crescido enquanto vejo e vou conhecendo os jogadores. [O desporto] é muito intenso e os meus filhos adoram-no. Cheguei a um ponto em que já sei o que está a acontecer enquanto vejo”, confessou ainda LeBron James. Caso o projecto vá para a frente, a Florida terá a décima equipa profissional nos cinco grandes desportos: Miami Heat e Orlando Magic na NBA, Miami Marlins e Tampa Bay Rays no basebol, Tampa Bay Buccanneers, Jacksonville Jaguars e Miami Dolphins no futebol americano e ainda Tampa Bay Lightning e Florida Panthers no hóquei no gelo.
