Madeira. 36 anos de autonomia com dívida de 123% do PIB


A Madeira comemora hoje 36 anos de autonomia, mergulhada na maior crise da sua história recente, a braços com uma dívida pública de 6,3 mil milhões de euros, representando 123 por cento do seu PIB (Produto Interno Bruto). Acresce a isso um endividamento das famílias e empresas, que supera mais de sete mil milhões de…


A Madeira comemora hoje 36 anos de autonomia, mergulhada na maior crise da sua história recente, a braços com uma dívida pública de 6,3 mil milhões de euros, representando 123 por cento do seu PIB (Produto Interno Bruto).

Acresce a isso um endividamento das famílias e empresas, que supera mais de sete mil milhões de euros, referem dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

É num cenário de crise – em que a taxa de desemprego atingiu os 16,1 por cento no final do primeiro trimestre de 2012, sendo a terceira mais elevada do país, atrás de Algarve (20 por cento) e Lisboa (16,5) -, que os festejos da Autonomia decorrem.

Na data da implantação da Autonomia, a atividade económica desenvolvida na região era responsável por um PIB inferior a 900 milhões de euros. O PIB per capita situava-se nos 3.800 euros, representando 69 por cento em relação à média nacional.

Trinta e seis anos depois, de acordo com o INE, o PIB estimado é de 5.225 milhões de euros, com o PIB per capita a atingir os 21.134 euros, representando 130 por cento em relação à média nacional.

Com uma dívida que é apontada como "colossal", mas que representa 1,8 por cento das responsabilidades financeiras do estado português, a Madeira de Alberto João Jardim investiu nos últimos 30 anos mais de 3,5 mil milhões de euros em estradas e vias rápidas, 600 milhões em escolas e recintos desportivos.

Acrescem 500 milhões no aeroporto, outros 350 milhões em portos e 200 milhões no tratamento de resíduos e esgotos, reclamando o governante madeirense que assumiu mais de "nove mil milhões de euros de despesas na Saúde e Educação".

Justificando a dívida no investimento feito, Jardim lembra que quando chegou ao poder "apenas 70 por cento dos agregados populacionais beneficiava de eletricidade e menos de 60 por cento disponha de água potável", o salário médio situava-se nos 457 euros e a taxa de inflação era de 23 por cento.

Hoje, o salário médio situa-se nos 1.034 euros e a taxa de inflação é de 3,3 por cento.

Dependendo sobretudo do turismo, a oferta hoteleira situa-se nas 28 mil camas, que acolhem 5,5 milhões de dormidas, com as receitas hoteleiras a originarem 252,5 milhões de euros.

Representando 21 por cento do PIB da Madeira, o Centro Internacional de Negócios da Madeira/Zona Franca gera mais de 150 milhões de receitas fiscais, um quarto de todas as receitas geradas pelos impostos na região.

A agricultura gera 98,9 milhões de euros de receitas, sendo desenvolvida numa superfície agrícola de 5.428 hectares, representando 1,9 por cento da riqueza gerada.

A Madeira, de acordo com os dados do INE, tem hoje 1,4 médicos e 8,3 enfermeiros por cada mil habitantes, quando em 1976 tinha 0,65 médicos e 1,4 enfermeiros.

Antes da Autonomia a taxa de mortalidade situava-se nos 19,5 por mil e a taxa de mortalidade infantil nos 35,9 por mil, situando-se hoje nas 10,2 por mil habitantes e de apenas 3,3 crianças por mil.

A taxa de analfabetismo em 1976 atingia os 33,2 por cento, com um terço da população com mais de 10 anos, a não saber ler ou escrever.

Hoje a taxa de analfabetismo estima-se que se situe nos 7,9 por cento, com a taxa de abandono escolar a fixar-se nos 3,2 por cento.

A fundação da Universidade da Madeira, em setembro de 1988, marca uma fase determinante na qualificação dos madeirenses.

Desde o ano letivo de 1993/194 frequentaram cursos superiores 13.757 alunos, sendo que apenas 29,6 por cento destes concluíram a sua licenciatura, com 70 alunos a concluírem o doutoramento.

Envolvida, desde 27 de janeiro de 2012, num Plano de Ajustamento Financeiro e Económico, resta à Madeira esperar pela ajuda da república para saldar as dívidas acumuladas.