Milhares de imigrantes ilegais entregaram-se hoje à polícia saudita, após os mortíferos tumultos noturnos num bairro pobre de Riade e relacionados com a campanha de repressão à imigração clandestina.
Na noite de sábado, duas pessoas, incluindo um saudita, foram mortas e 68 feridas (28 sauditas), durante confrontos no bairro de Manfuha, onde se concentram os imigrantes provenientes na sua maioria do Corno de África, sobretudo etíopes, segundo fonte oficial citada pela agência noticiosa AFP.
O responsável referiu-se a 561 detenções “entre os instigadores dos motins”.
Estes foram os primeiros incidentes desde o início das expulsões, pelas autoridades do rico reino petrolífero, de clandestinos após o fim de um prazo de sete meses que lhes foi fornecido para regularizarem a situação ou deixarem o país e que expirou em 04 de novembro.
Após os confrontos, centenas de agentes da Guarda nacional e unidades especiais da polícia patrulhavam as ruas do bairro, referiram testemunhas.
Homens, mulheres e crianças, transportando os seus poucos haveres pessoais, abandonaram aos milhares o bairro de Manfuha, após a polícia ter disponibilizado camionetas, enquanto outros se dirigiam de táxi para os centros de acolhimento, instalados pelas autoridades para formalizar a sua expulsão.
Desde há uma semana que patrulhas policiais perseguem os estrangeiros que não regularizaram a sua situação, com muitos a esconderem-se para escaparem à prisão ou a multas, o que tem afetado diversos setores da atividade económica.
Testemunhas indicaram à AFP que sauditas e residentes estrangeiros, encorajados pela campanha contra a imigração clandestina, atacaram no sábado com bastões diversos imigrantes ilegais no bairro periférico da capital.
Em Adis Abeba, o Governo etíope anunciou no sábado a decisão em repatriar os seus cidadãos em situação ilegal da Arábia Saudita, após as informações sobre a morte de um etíope pela polícia saudita.
As autoridades consideram que esta política permitirá reduzir o número de imigrantes – que se estima serem nove milhões num país com 27 milhões de habitantes – para garantir mais emprego aos sauditas e quando a taxa de desemprego atinge dos 12,5%.
A partida forçada dos estrangeiros ilegais provocou uma significativa redução da mão-de-obra barata no reino, apesar de diversos especialistas garantirem a longo prazo será benéfica para a economia do país.
*Artigo escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela Agência Lusa
