Chaves. A viagem até ao regresso do “Monstro”

Chaves. A viagem até ao regresso do “Monstro”


Um adepto flaviense conta, na primeira pessoa, como foi o percurso até à tão desejada subida à Liga NOS. Durante estas três últimas épocas, acompanhou o clube em 16 jogos fora, até à consagração final. Como os adeptos costumam dizer, “o Chaves nunca joga sozinho”


Nunca esquecerei o dia 8 de maio de 2016. A data perdurará na minha memória ao lado de outras, como 16 de maio de 2010, quando o Desportivo de Chaves disputou a final da Taça de Portugal. Mas esta soube bem melhor e precede um futuro que causa bem mais expetativas.

Na última época que o Desportivo de Chaves jogou na Primeira, na temporada 1998/1999, eu tinha apenas 11 anos. Jogava nos escalões jovens do clube. Recordo-me que, depois de termos sido campeões distritais de infantis, tivemos direito a jogar breves minutos no relvado do Municipal, antes de um jogo contra o Benfica que seria interrompido por causa do nevoeiro.

Tal como essa, as minhas recordações dessas épocas futebolísticas são nubladas. Afinal, eu era uma criança, tal como os adeptos com quem no domingo viajei de Lisboa, onde trabalho, para Portimão: o Paulo, o Tiago e a Mónica. Lembro-me bem melhor das dezenas de jogos que vimos nestas três temporadas em que o “Monstro”, como lhe chamamos por ser grande e até aqui estar adormecido, disputou a subida à Primeira.

Quando os jogos são no Municipal, sentamo-nos perto do banco de suplentes. A escolha não é à toa. Permite-nos a ousadia de sugerir substituições ao treinador e pressionar o árbitro auxiliar que percorre a linha lateral mais próxima. Connosco também costuma estar a Sara, a esposa do Tiago, que apesar de lisboeta também já é sócia do clube. No casamento deles, no ano passado, desafiou os amigos flavienses a cantarem com ela o hino do Desportivo de Chaves.

A Mónica, que é minha irmã, não sabe explicar o que é um fora-de-jogo, mas não perde uma partida, seja nos estádios ou a ouvir o relato. A Sónia, minha namorada, que também dizia não gostar de futebol, vai pelo mesmo caminho. No domingo à noite surpreendeu-me com um telefonema a dizer que estava na receção aos “heróis da subida”.

O Paulo também estava lá, após ter percorrido o país em diferentes etapas: de Portimão a Lisboa no meu carro, de Lisboa ao Porto de avião, e do Porto a Chaves no carro dele. Como ele, foram vários os que cruzaram o país duas vezes no mesmo fim de semana. Mais de uma centena passaram cerca de 20 horas dentro de um autocarro.

Durante estas três últimas épocas, na companhia destes meus amigos, acompanhei o clube em 16 jogos fora. Fui, por exemplo, a Freamunde, Penafiel, Viseu, Mafra, Olhão e até à Madeira. Como eu, tantos e tantos outros. Como se costuma dizer entre adeptos flavienses, “o Chaves nunca joga sozinho”.

No próximo fim de semana, eu e a Mónica voltaremos a viajar de Lisboa para Chaves. Como sempre, as idas a casa são programadas consoante o calendário do “Monstro”. Eu espero já não estar rouco.

Assim que sair o calendário da nova temporada, todos nós começaremos a delinear o mapa das novas deslocações. O sonho do sr. Francisco Carvalho, o investidor que salvou o clube e o trouxe até à Primeira, continuará a envolver milhares de flavienses e transmontanos. Eu, a Mónica, o Paulo, o Tiago e a Sara somos apenas cinco elementos desta enorme família azul-grená.