Anedotas


A prisão de uma toupeira do SIS em Roma, a petição em defesa da escola pública da Fenprof, a economia crescer 0,9% por trimestre até final do ano, a sintonia entre Costa e Marcelo em matéria orçamental e o debate intenso e emocional sobre a paternidade do fascismo são as anedotas em curso neste país cada vez…


O chefe das secretas portuguesas tem dado uns excelentes guiões para filmes cómicos, com direito a subsídio estatal e tudo. Júlio Pereira, assim se chama o espião à portuguesa, foi para o julgamento de um outro espião muito cómico confessar que o SIS tinha umas antenas em empresas de telecomunicações. Toda a gente com dois dedos de testa tinha essa informação, mas não havia necessidade de expor assim, de forma pública, o modus operandi de um serviço que deve ser levado a sério. Mais recentemente, com grande estrondo comunicacional, foi revelada uma operação em Roma que culminou na detenção de uma toupeira do SIS que, a troco de 10 mil euros, passava informações sobre a NATO à Rússia.

A operação, que mereceu rasgados elogios de alguns cabotinos nacionais, provocou uma enorme gargalhada em todos os serviços secretos pela sua estupidez e originalidade. É evidente que nenhum serviço secreto digno desse nome resolve o caso de uma toupeira metendo ao barulho a Polícia Judiciária e o Ministério Público, e muito menos os órgãos judiciais de um país estrangeiro, que se devem ter rebolado de gozo com o extraordinário pedido das autoridades nacionais para efetuarem a detenção numa esplanada de Roma. O espetáculo vai agora continuar com a instrução do processo e o julgamento da referida toupeira, algo que vai com certeza merecer a atenção da imprensa internacional.

Mas além da gargalhada sonora que se ouviu do lado de cá e de lá do Atlântico, as consequências deste triste e, ao mesmo tempo, cómico espetáculo são por demais evidentes. Ninguém no mundo da espionagem ocidental vai continuar a partilhar informações com os patéticos serviços nacionais e, como já se passa, qualquer intervenção em território nacional será sempre feita à revelia dos SIS desta triste pátria. Que o digam espanhóis e marroquinos, dois serviços com excelentes informações sobre o terrorismo islâmico e que mantêm uma excelente cooperação operacional, que já atuam livremente em Portugal sempre que é necessário, sem darem cavaco aos patéticos espiões nacionais. Mas se os serviços secretos são uma anedota pegada, olha-se para o topo do Estado e para a sociedade civil e as anedotas lá estão, muito senhoras do seu nariz, a fazer rir meio mundo.

A Fenprof do ministro da Educação, Mário Nogueira, ficou muito feliz com os resultados de uma petição em defesa da escola pública, como se neste país socialista e estatista fosse necessária qualquer petição a defender algo que o Estado impõe aos cidadãos de forma autoritária, perseguindo quem ousa defender alternativas de qualidade e liberdade. E se a Fenprof do ministro da Educação Mário Nogueira é uma anedota que custa os olhos da cara aos portugueses, o novo Presidente da República tem ultrapassado e muito o que se temia que acontecesse em Belém com a sua eleição.

Marcelo é uma espécie de Anita que está escola, na feira, no museu, em Moçambique, no Vaticano, na fábrica, no café, no restaurante, na Alemanha, na chancelaria de Angela Merkel, e que várias vezes ao dia diz tudo e o seu contrário sobre tudo e mais alguma coisa. É basicamente uma anedota ambulante para quem um orçamento retificativo não é drama nenhum e o rumo da economia está no caminho certo, quando toda a gente já percebeu que 2016 vai ser um desastre em matéria de crescimento económico e défice das contas públicas.

Se há algum consenso neste país de anedotas é sobre a impossibilidade de as metas avançadas pela geringonça serem cumpridas. Para a economia crescer 1,8%, como prometem Costa, Centeno e a Anita Marcelo, seria necessário um crescimento de 0,9% nos trimestres que faltam até final do ano. E quanto ao défice de 2,2% que enche de orgulho Costa, Centeno e a Anita Marcelo, basta ver o que dizem organizações nacionais e internacionais sobre a matéria. Só no primeiro trimestre foi de 3,3%, segundo a independente UTAO, que um dia destes tem o PS à perna como tiveram dezenas e dezenas de quadros do Estado nestes últimos seis meses. E como o verão pode ficar marcado pelas sanções justas e necessárias da Comissão Europeia, o melhor é os cómicos de serviço agarrarem com unhas e dentes o extraordinário debate sobre marxismo e fascismo lançado por um escriba medíocre que vende livros como pãezinhos. Está a ser bastante interessante o rasgar de vestes que anda por aí quando a questão podia resumir-se simplesmente a uma constatação histórica: morreram milhões de pessoas às mãos de criminosos marxistas e fascistas. Essa é que é essa, anedotas lusitanas. 

Jornalista


Anedotas


A prisão de uma toupeira do SIS em Roma, a petição em defesa da escola pública da Fenprof, a economia crescer 0,9% por trimestre até final do ano, a sintonia entre Costa e Marcelo em matéria orçamental e o debate intenso e emocional sobre a paternidade do fascismo são as anedotas em curso neste país cada vez…


O chefe das secretas portuguesas tem dado uns excelentes guiões para filmes cómicos, com direito a subsídio estatal e tudo. Júlio Pereira, assim se chama o espião à portuguesa, foi para o julgamento de um outro espião muito cómico confessar que o SIS tinha umas antenas em empresas de telecomunicações. Toda a gente com dois dedos de testa tinha essa informação, mas não havia necessidade de expor assim, de forma pública, o modus operandi de um serviço que deve ser levado a sério. Mais recentemente, com grande estrondo comunicacional, foi revelada uma operação em Roma que culminou na detenção de uma toupeira do SIS que, a troco de 10 mil euros, passava informações sobre a NATO à Rússia.

A operação, que mereceu rasgados elogios de alguns cabotinos nacionais, provocou uma enorme gargalhada em todos os serviços secretos pela sua estupidez e originalidade. É evidente que nenhum serviço secreto digno desse nome resolve o caso de uma toupeira metendo ao barulho a Polícia Judiciária e o Ministério Público, e muito menos os órgãos judiciais de um país estrangeiro, que se devem ter rebolado de gozo com o extraordinário pedido das autoridades nacionais para efetuarem a detenção numa esplanada de Roma. O espetáculo vai agora continuar com a instrução do processo e o julgamento da referida toupeira, algo que vai com certeza merecer a atenção da imprensa internacional.

Mas além da gargalhada sonora que se ouviu do lado de cá e de lá do Atlântico, as consequências deste triste e, ao mesmo tempo, cómico espetáculo são por demais evidentes. Ninguém no mundo da espionagem ocidental vai continuar a partilhar informações com os patéticos serviços nacionais e, como já se passa, qualquer intervenção em território nacional será sempre feita à revelia dos SIS desta triste pátria. Que o digam espanhóis e marroquinos, dois serviços com excelentes informações sobre o terrorismo islâmico e que mantêm uma excelente cooperação operacional, que já atuam livremente em Portugal sempre que é necessário, sem darem cavaco aos patéticos espiões nacionais. Mas se os serviços secretos são uma anedota pegada, olha-se para o topo do Estado e para a sociedade civil e as anedotas lá estão, muito senhoras do seu nariz, a fazer rir meio mundo.

A Fenprof do ministro da Educação, Mário Nogueira, ficou muito feliz com os resultados de uma petição em defesa da escola pública, como se neste país socialista e estatista fosse necessária qualquer petição a defender algo que o Estado impõe aos cidadãos de forma autoritária, perseguindo quem ousa defender alternativas de qualidade e liberdade. E se a Fenprof do ministro da Educação Mário Nogueira é uma anedota que custa os olhos da cara aos portugueses, o novo Presidente da República tem ultrapassado e muito o que se temia que acontecesse em Belém com a sua eleição.

Marcelo é uma espécie de Anita que está escola, na feira, no museu, em Moçambique, no Vaticano, na fábrica, no café, no restaurante, na Alemanha, na chancelaria de Angela Merkel, e que várias vezes ao dia diz tudo e o seu contrário sobre tudo e mais alguma coisa. É basicamente uma anedota ambulante para quem um orçamento retificativo não é drama nenhum e o rumo da economia está no caminho certo, quando toda a gente já percebeu que 2016 vai ser um desastre em matéria de crescimento económico e défice das contas públicas.

Se há algum consenso neste país de anedotas é sobre a impossibilidade de as metas avançadas pela geringonça serem cumpridas. Para a economia crescer 1,8%, como prometem Costa, Centeno e a Anita Marcelo, seria necessário um crescimento de 0,9% nos trimestres que faltam até final do ano. E quanto ao défice de 2,2% que enche de orgulho Costa, Centeno e a Anita Marcelo, basta ver o que dizem organizações nacionais e internacionais sobre a matéria. Só no primeiro trimestre foi de 3,3%, segundo a independente UTAO, que um dia destes tem o PS à perna como tiveram dezenas e dezenas de quadros do Estado nestes últimos seis meses. E como o verão pode ficar marcado pelas sanções justas e necessárias da Comissão Europeia, o melhor é os cómicos de serviço agarrarem com unhas e dentes o extraordinário debate sobre marxismo e fascismo lançado por um escriba medíocre que vende livros como pãezinhos. Está a ser bastante interessante o rasgar de vestes que anda por aí quando a questão podia resumir-se simplesmente a uma constatação histórica: morreram milhões de pessoas às mãos de criminosos marxistas e fascistas. Essa é que é essa, anedotas lusitanas. 

Jornalista