Todo-o-terreno. Um Dakar à portuguesa

Todo-o-terreno. Um Dakar à portuguesa


Os grandes nomes do Dakar estão em Portugal para disputar uma prova com mais de 1.000 quilómetros que passa pelo Alentejo, Ribatejo e Extremadura espanhola.


O Campeonato do Mundo de Rally-Raid deixou as areias do deserto e chegou à Europa para a realização do BP Ultimate Rally-Raid Portugal. A prova organizada pelo Automóvel Club de Portugal tem 1.758 quilómetros, dos quais 1.008 são feitos ao cronómetro, e conta com os grandes nomes do todo-o-terreno mundial e também com os melhores pilotos nacionais de automóveis e motos. A parte competitiva começa esta quarta-feira com a realização do prólogo em Grândola. Até domingo, os pilotos vão disputar cinco etapas num percurso quase todo ele novo. A vila de Grândola é a base operacional da prova que passa pelos concelhos de Santiago do Cacém, Abrantes, Alcácer do Sal, Almeirim, Chamusca, Coruche, Mação, Ponte de Sor, Salvaterra de Magos, Sines e pela cidade de Badajoz, onde termina a terceira etapa. As provas de todo-o-terreno são acompanhadas por milhares de pessoas, por essa razão a organização vai dar a conhecer no site oficial https://rallyraidportugal.com os “Pontos de Interesse” para o público 48 horas antes de cada etapa. O percurso é secreto e tem algumas semelhanças com os ralis tradicionais, não é por acaso que estão presentes ex-campeões do mundo de ralis. Os pilotos vão encontrar uma grande variedade de estradões, com pisos de areia no litoral alentejano, zonas de montanha em Mação e especiais rápidas e com muita pedra em Espanha.

 

Duelo de campeões

A prova do ACP é a única realizada na Europa, o que explica a enorme adesão de pilotos estrangeiros; dos 169 inscritos, 65% são oriundos de 29 países, não faltando uma presença das Ilhas Seicheles com a piloto Aliyyah Koloc, de apenas 19 anos.

À exceção da Audi que abandou o Campeonato do Mundo depois do triunfo no Dakar, estão presentes em Portugal os melhores carros e pilotos do mundo. Espera-se um duelo intenso entre Carlos Sainz, vencedor do último Dakar, e Nasser Al-Attiyah, bicampeão mundial de Rally-Raid e penta-vencedor do Dakar. Carlos Sainz alinha com o Mini John Cooper Works Rally Plus da conceituada equipa X-Raid, com 362 cv. O espanhol mantém-se no Mundial e equaciona participar no Dakar 2025 com uma nova marca que pode ser a Toyota ou a Ford. O qatari Nasser Al-Attiyah vai tripular o Hunter T1+, um protótipo extremamente competitivo com 400 cv, que ganhou várias etapas no Dakar. Lucas Moraes, Seth Quintero e Saood Variawa vão conduzir as Toyota Hilux T1+ oficiais com 360 cv, enquanto a equipa semi-oficial Overdrive Racing alinha com Guerlain Chicherit, Guillaume De Mevius , Yazeed Al Rajhi e Juan Cruz Yacopini. Sébastien Loeb, nove vezes campeão do mundo de ralis e terceiro classificado no Dakar deste ano, vai alinhar com um Taurus T3 Max da categoria Challenger com 200 cv, mas dificilmente conseguirá andar nos lugares da frente. A prova do ACP é pontuável para o Campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno e vai ter a presença do campeão em título Tiago Reis e de João Ramos, ambos com as Toyota Hilux T1+. Destaque também para a presença de João Ferreira, que regressa ao Mini da X-Raid.

O Rally-Raid Portugal tem 64 inscritos nas motos e conta com as presenças oficiais da Honda, Hero e Sherco. Ricky Brabec e Adrien Van Beveren, segundo e terceiro classificado do Dakar, e Pablo Quintanilla, ex-campeão mundial de todo-o-terreno, são candidatos à vitória numa formação liderada pelo português Ruben Faria. A marca indiana Hero chega a Portugal na liderança do Mundial de pilotos e de construtores. Ross Branch está na frente do campeonato e será acompanhado pelo luso-alemão Sebastian Bühler. A equipa oficial da Sherco alinha com o espanhol Lorenzo Santolino e como indiano Harith Noah, e o construtor chinês Kove está presente com Jatin Jain. Entre os portugueses, destaque para António Maio (Yamaha), Bruno Santos (Husqvarna) e Martim Ventura (KTM).

 

Máquinas poderosas

As impressionantes máquinas que disputam o Campeonato do Mundo de Rally-Raid estão divididas em três categorias. A Ultimate é a classe rainha nos automóveis e destina-se a protótipos de quatro rodas motrizes e carros de todo-o-terreno com base em modelos de série preparados para a competição, a Challenger, engloba os Protótipos SSV (Side by Side Vehicles) limitados a uma velocidade máxima de 135 km/h, e os SSV, derivados de modelos de série preparados para a competição e limitados a 125 km/h.

Nas motos, temos a categoria RallyGP para motos até 450cc e velocidade limitada a 160 km/h por razões de segurança. O acesso a esta categoria é definido pela FIM de acordo com o palmarés de cada piloto. Existe ainda a categoria Rally 2 para motos com as mesmas especificações técnicas da RallyGP, embora com uma preparação inferior, a Rally 3, destinada a motos próximas dos modelos de série com motor até 450cc e velocidade limitada a 130 km/h, e os Quad, quadriciclos conhecidos por Moto4 preparados para os Rally-Raid e com velocidade máxima de 130 km/h.

Organizar uma prova em linha com uma extensão de 1.758 quilómetros é uma tarefa gigantesca que demorou meses a preparar e que levou os organizadores a percorrer mais de 15.000 quilómetros. A segurança é uma prioridade e envolve 400 elementos do ACP em articulação com os efetivos da GNR, bombeiros e equipas das autarquias por onde passa a prova.