O Presidente da República sublinhou, esta terça-feira, na cerimónia de tomada de posse do novo Governo, que os portugueses “escolheram dar a vitória ao setor moderado e não ao setor radical do outro hemisfério”.
Marcelo Rebelo de Sousa falou numa vitória eleitoral “difícil, porventura a mais estreita em eleições parlamentares”, mas “talvez por isso a mais gratificante”.
Para o chefe de Estado há três conclusões a retirar acerca dos resultados das eleições. Os portugueses: “Escolheram a reforçada aproximação às pessoas, escolheram mudar de hemisfério de governo; não deram maioria ao partido que a possuía, nem maioria com outros partidos do mesmo hemisfério; não deram, por diferença exígua, a vitória ao maior partido desse hemisfério”.
O Presidente destacou também que este não será um mandato fácil, com várias complexidades nacionais e internacionais com as quais o Executivo de Luís Montenegro terá de lidar.
Marcelo Rebelo de Sousa apelou a que Luís Montenegro seja capaz de manter “a credibilidade política e financeira”. “Onde não temos problemas, não os devemos criar”, sublinhou, elencando objetivos: “consenso em mais crescimento, investimentos e exportações, no rigor das contas públicas, no controlo da dívida externa”.
Sobre as condições de governabilidade, o Presidente reconheceu as dificuldades, mas lembrou que conta com o apoio de Belém.
Por outro lado, continuou, “não conta com o apoio maioritário na AR e tem de o construir com convergências mais prováveis em questões de regime: política externa, de Defesa, financeira, de repercussões internacionais, Ou de compromissos eleitorais semelhantes”.
Sobre “convergências menos prováveis”, o diálogo com os outros partidos “tem de ser mais aturado e muito mais exigente. Para decisões como reformas estruturais ou OE, essa exigência é ainda de mais largo fôlego”.
O Governo “conta para tudo isso de um apoio popular, que lhe deu a vitória”, mas, para Marcelo Rebelo de Sousa, “tem de conquistar muito mais portugueses”.
“Será uma missão impossível?”, questionou Marcelo, dando a resposta em seguida: “Não o creio. Como dizia Salgado Zenha, há sempre soluções em democracia. Mas será muito difícil”.