Os resultados das eleições legislativas têm sido amplamente noticiados pela imprensa internacional, com destaque para a vitória da Aliança Democrática (AD), seguida pelo PS e pelo Chega. O partido de André Ventura quadruplicou a sua representação parlamentar, ganhando atenção dos outros países. Na vizinha Espanha, o El Mundo destaca um “empate técnico” entre os socialistas e os sociais-democratas, bem como o sucesso do Chega, que obteve mais de um milhão de votos. O El País menciona que o centro-direita venceu por uma margem estreita e destaca a ascensão da extrema-direita. “Os portugueses viraram-se à direita nas eleições antecipadas realizadas este domingo em Portugal, embora a vitória da coligação conservadora Aliança Democrática (AD) estivesse tão próxima que a incerteza perdurou até cerca da uma da manhã. A contagem final só será conhecida dentro de alguns dias”, lê-se.
Também o El Economista retrata que a “ultradireita” está a oferecer-se para formar um governo, frisando as declarações de André Ventura, enfatizando a sua insistência na possibilidade de formar um governo: “A Aliança Democrática (AD) pediu uma maioria e os portugueses mostraram que essa maioria pertence ao Chega e à AD. Seria irresponsável não considerar essa união. Somos responsáveis, todos somos chamados para essa alternativa”, argumentou Ventura, sendo que também descreveu a noite como “histórica”, que marcou o fim do bipartidarismo em Portugal e prometeu uma “firme maioria de direita”. Quando questionado se já havia conversado com o líder do PSD, Luís Montenegro, Ventura pediu tempo: “Ainda não hoje. Seria bom começar a discutir pressupostos amanhã”.
Em França, o Le Figaro enfatiza a vitória da direita e o crescimento dos “nacionalistas” do Chega. “Na ausência de alternativa, a capacidade de Montenegro liderar o país à frente de um governo minoritário dependerá, portanto, da vontade do PS e do Chega de o deixarem fazer ou, é menos provável, de bloquearem o seu caminho”, é possível ler. O Le Monde observa que o centro-direita se recusa a formar governo com a extrema-direita.Em Itália, o La Repubblica fala de um empate entre as duas maiores forças políticas, mas reconhece a vitória concedida pelo PS à AD. O Corriere Della Sera destaca o crescimento significativo do partido liderado por André Ventura.
O alemão Deutsche Welle refere-se a uma “corrida apertada até à reta final”, publicando que a AD “enfrentaria um difícil desafio para formar um governo sem o Chega, no meio da sua popularidade crescente”. “O Presidente conservador Marcelo Rebelo de Sousa enfrentou críticas na sexta-feira depois de ter dito numa entrevista que faria tudo o que estivesse ao seu alcance para evitar que o Chega chegasse ao poder. Foi criticado por se desviar da neutralidade”.
No Reino Unido, o The Guardian e a BBC noticiam a vitória da aliança de centro-direita e a sua recusa em fazer acordo com a extrema-direita. A título de exemplo, o jornal britânico escreveu que “o líder da Aliança Democrática de centro-direita de Portugal, Luís Montenegro, reivindicou a vitória após uma eleição parlamentar muito disputada que viu o aumento da extrema-direita”, acrescentando que “na madrugada de segunda-feira, Montenegro reiterou a sua promessa eleitoral de não depender do Chega para governar ou para fechar quaisquer acordos com os populistas, embora não fosse claro se conseguiria governar sem o seu apoio”.
Nos EUA, a CNN Internacional realça a vitória do centro-direita. “Uma coligação de centro-direita obteve uma vitória estreita nas eleições antecipadas de Portugal no domingo, mas não conseguiu uma maioria absoluta, já que o incipiente partido de direita radical Chega obteve quase um quinto dos votos”, escreveu. “Os resultados prepararam o terreno para negociações difíceis nos próximos dias e semanas e, potencialmente, para novas eleições num futuro não muito distante”, foi acrescentado, sendo explicado também que “durante décadas, o Partido Socialista e o Partido Social Democrata de centro-direita – o principal partido da Aliança Democrática – revezaram-se no poder”.
O Politico observa uma disputa acirrada e o Washington Post menciona “o crescimento do partido populista, o Chega”. “O futuro político de Portugal está em jogo depois das eleições gerais de domingo, com dois partidos dominantes moderados a disputar de perto a corrida e a esperar semanas por uma decisão sobre o vencedor, após um aumento sem precedentes no apoio a um partido populista que terminou em terceiro”, lê-se, sendo indicado que “os votos decisivos virão de eleitores estrangeiros para distribuir os últimos quatro assentos parlamentares após uma noite eleitoral cheia de suspense”.
No Brasil, o Estadão fala numa vitória do centro-direita com a ascensão da extrema-direita como uma “nova força”, enquanto o portal G1 destaca a estreita vitória da AD sobre os socialistas e a ascensão do Chega, atribuída ao recente cenário de instabilidade política em Portugal. “Há apenas um ano, Portugal tinha um dos governos mais sólidos e estáveis da Europa, formado por maioria absoluta – ou seja, uma única sigla, o PS, tinha mais de metade dos assentos, uma raridade nos sistemas parlamentaristas do continente”, é salientado, não sendo esquecidos “os anos de crise financeira profunda e da chamada ‘geringonça’ – o pacto inédito entre socialistas, comunistas e esquerda radical firmado em 2015” que “haviam ficado para trás”. “Bastaram alguns meses, no entanto, para a instabilidade voltar a tomar conta do país: em novembro, o primeiro-ministro António Costa, do PS, renunciou, após o Ministério Público anunciar que ele era investigado em um caso de corrupção”, é possível ler. Já o Globo dá destaque à eleição de Marcus Santos. ‘Brasileiro é eleito deputado em Portugal por partido de extrema-direita’. “Nascido no Rio de Janeiro e filho de pai militar e mãe doméstica, Santos foi descrito como cristão e fiel seguidor de Ventura. Ex-atleta profissional de Artes marciais Mistas (MMA), o carioca tem um ginásio e dá aulas da modalidade”, lê-se no Globo.