Ambiente. Portugal tem boas práticas

Ambiente. Portugal tem boas práticas


Um estudo da Pordata confirma que Portugal está a conseguir melhores resultados do que a média da União Europeia no que se refere às emissões de gases com efeito de estufa. A água potável é segura e as praias apresentam das melhores águas da Europa.


A Fundação Francisco Manuel dos Santos, em colaboração com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), aproveitou o Dia Mundial do Ambiente, que se comemorou ontem, para apresentar um estudo sobre a forma como Portugal está a tratar as questões ambientais, nomeadamente as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), o consumo e as fontes de energia, a evolução da temperatura e da precipitação, a qualidade da água ou a produção de resíduos.

O estudo confirma que Portugal está entre os 13 países que alcançaram as quatro metas ambientais da Europa 2020, a saber: emissão de gases com efeito de estufa; consumo de energias renováveis; consumo de energia primária e consumo de energia final. A Alemanha e a Bélgica cumpriram apenas duas das metas e a Bulgária só cumpriu a do consumo de energias renováveis.

Não vem de hoje a preocupação com o meio ambiente, mas cada vez mais este é um problema encarado como global.

Sendo o combate às alterações climáticas, a preservação do ambiente e a independência energética as grandes prioridades de responsáveis políticos e da sociedade em geral, importa referir que o nosso país está bem posicionado no que se refere à construção de uma sociedade mais sustentável, embora haja, naturalmente, áreas onde é desejável melhorar.

 

Em defesa do ambiente

O estudo agora divulgado indica que Portugal reduziu, face a 2005, 35% das emissões de gases com efeito de estufa, um valor superior ao registado pela UE27, que reduziu as emissões em apenas 24%, significa isto que estamos entre os nove países que têm emissões inferiores às da União Europeia. Em termos de valores, Portugal emitiu cerca de 57 mil toneladas de GEE (valor equivalente em dióxido de carbono), correspondente a 5,5 toneladas per capita, sendo que o valor médio da UE é de 7,8 toneladas per capita.

As ações para promover a preservação do ambiente e mitigar as alterações climáticas têm feito com que as emissões de GEE tenham baixado na generalidade dos setores de atividade tanto em Portugal como na UE27. A única exceção em Portugal é o setor da agricultura, cujas emissões aumentaram 4,7%, o que se deve às práticas agrícolas.

Outro aspeto a reter é que Portugal continua a ser muito dependente da energia fóssil, o que explica que metade das emissões de GEE sejam provenientes dos setores da indústria da energia e dos transportes. Importa salientar que o contributo dos diversos setores no peso das emissões de gases é muito semelhante ao verificado a nível europeu, ou seja, a indústria e os transportes são os que mais poluem no conjunto dos 27.

Apesar disso, os indicadores são animadores. Em 2021, o cabaz energético português era composto por: 40,6% de petróleo, 23,6% de gás natural e 31,6% de energias renováveis, se recuarmos a 2000, o peso do carvão baixou de 15% para menos de 1%, o petróleo caiu mais de 20%, ao passo que a procura por gás natural e pelas energias renováveis aumentou 16 % e 17 %, respetivamente. Há igualmente outros dados que mostram que Portugal está a atingir metas com vista à sua sustentabilidade. O ano passado, 64,9% da produção de energia elétrica tinha origem em fontes renováveis e, desde 2018, mais de metade da produção elétrica tem como fonte as energias alternativas.

Diretamente ligada ao efeito de estufa, a temperatura média do ar tem vindo a aumentar desde 1970, e nos cinco últimos anos atingiu valores preocupantes em várias zonas do país. Tendo como referência o valor médio no período de 1971 a 2000, verificamos que, à exceção de Viana do Castelo, todas as estações meteorológicas registaram um aumento entre 1ºC e 2,3ºC, nos últimos cinco anos. Contrariamente ao que acontece com a temperatura, os valores da precipitação mantiveram-se estáveis no mesmo período. O aquecimento e a falta de chuva têm agravado as secas, nomeadamente no Algarve, Alentejo e interior norte, zonas que passaram da situação de seca severa para seca extrema.

 

Água de confiança

O estudo revela também que a água potável que se consome em Portugal é segura. Cerca de 99% da água que chega a nossa casa é boa qualidade, o que é uma grande evolução face à década de 90, quando apenas metade da água canalizada era própria para consumo, sendo que, em 2005, já 90% dessa água era de confiança.  Os amantes dos banhos de mar podem ficar tranquilos uma vez que 92 % das praias portugueses têm água de excelente qualidade desde 2021, o mesmo é dizer que em cada dez praias costeiras pode-se tomar banho à vontade em nove. A média europeia é de 88%, e apenas as zonas balneares da Croácia (99%), Malta (97%), Grécia (96%) e Espanha (95%) suplantam as águas portuguesas.

Mas nem tudo o que se faz em Portugal serve de exemplo. A produção de resíduos per capita tem vindo a aumentar desde 1995. Neste particular, o nosso país regista um significativo aumento de 46%, contra os 12% da União Europeia. Em termos práticos, cada português produz, em média, 1,4 quilos de lixo por dia, o que dá origem a 5,3 milhões de resíduos urbanos. O ano passado, 50% dos resíduos produzidos foram parar a aterros, o dobro da média europeia que é de 23 %. Mesmo assim regista-se uma evolução, pois em 1995 a quase totalidade do lixo (90 %) era depositado em aterros. No que se refere à reciclagem, cerca de 30% dos resíduos produzidos na EU27 são reciclados, enquanto em Portugal esse valor é de apenas 13%, mesmo assim é um aumento interessante, pois em 1995 apenas 1% dos resíduos ia para reciclagem.