Os ministros da Defesa do Reino Unido, Polónia e Finlândia dão tudo para convencer os seus aliados americanos e alemães a permitir o envio de tanques modernos para a Ucrânia. Os EUA não estão com grande vontade de enviar os seus Abrams justificando que são demasiado difíceis de manobrar e abastecer. Como tal, a grande aposta são os Leopard alemães, que têm a vantagem de ser amplamente utilizados por países europeus, tendo como tal amplas reservas de peças no continente.
Se o Reino Unido enviou um esquadrão de 14 dos seus Challenger 2 foi também para pressionar Berlim a permitir que a Polónia e Finlândia ofereçam à Ucrânia alguns dos seus Leopard 2. Olaf Scholz, o chanceler alemão, tem declarado em negociações à porta fechada que só o aceitaria com consentimento da Administração de Joe Biden, avançou a Reuters, na véspera da cimeira de ministros da Defesa da NATO, que foi marcada para sexta-feira, na base aérea americana de Ramstein, no sudoeste da Alemanha.
A ideia por de trás do envio de tanques seria permitir aos militares da Ucrânia «passar de resistir a expulsar as forças russas do solo ucraniano», frisou o ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, perante o Parlamento. Até agora, ambos os lados têm-se confrontado sobretudo com velhos modelos de tanques soviéticos, tendo a NATO tentado contribuir enviando blindados tirados das reservas de Estados-membros que faziam parte do Pacto de Varsóvia, mas estas já seestão a esgotar. Também têm sido oferecidos veículos blindados mais ligeiros, incluindo os AMX franceses ou os Bradley americanos.
Estes últimos mostraram-se altamente eficazes contra tanques soviéticos das forças de Saddam Hussein, durante a invasão do Iraque. São leves e rápidos, possuindo uma arma de 25 mm e poderosos mísseis antitanque TOW, mas falta-lhes blindagem. Na prática, o modelo Bradley «não é um tanque, mas pode ser um matador de tanques», tweetou o general Mark Hertling, antigo comandante americano para a Europa.
Já os Leopard trariam uma outra potência a futuras contraofensivas ucranianas. Este modelo tem maior alcance e precisão do que os T-72 que compõe o grosso das forças blindadas russas. Já este modelo soviético tem a vantagem de ter um perfil mais baixo, tornando-o um alvo mais difícil de atingir, mas isso vem à custa da desvantagem de as suas munições serem armazenadas no compartimento principal, ficando mais sujeito a explodir.
Algo que também terá um peso na decisão de enviar tanques para a Ucrânia é a crescente escassez de munições de artilharia – aquilo que a NATO mais tem enviado – em arsenais ocidentais. Possuindo mais tanques, a Ucrânia dependeria menos disso.
«A produção militar industrial da Rússia também poderá estar a atingir um pico. Portanto há um imperativo político e militar para agir agora». apelou Jack Watling, investigador do Royal United Services Institute, ao Financial Times.