Claudisabel. “Cuidado com as viagens depois de muitas horas de trabalho”

Claudisabel. “Cuidado com as viagens depois de muitas horas de trabalho”


A voz de músicas como ‘Não Vou Voltar a Chorar’ e ‘Está Tudo Acabado’ faleceu quando estava a regressar para a sua casa em Loulé. No dia anterior tinha atuado no Domingão.


No mesmo dia em que atuou em Castanheira de Pêra no palco móvel no Domingão, da SIC, a cantora Claudisabel, que deu voz a temas como Não Vou Voltar a Chorar ou Está Tudo Acabado, morreu na madrugada de segunda-feira depois de um acidente de viação na A2, junto a Alcácer do Sal.

A artista de 40 anos regressava do programa televisivo a Loulé, onde residia, quando sofreu a colisão com outro veículo ligeiro. Segundo o cantor José Silva, que tocou com Claudisabel, não era a primeira vez que fazia sozinha este percurso.

“É com profundo pesar, dor e tristeza que comunicamos o falecimento da cantora Claudisabel, após acidente automóvel nesta madrugada”, lê-se na mensagem divulgada pela Nucafé Records, empresa de distribuição e edição discográfica, na página oficial de Facebook da artista.

“A sua voz, alegria e frontalidade que a caracterizam deixam mais pobres a música portuguesa e todos que tiveram a oportunidade de a conhecer e privar com ela”, sublinha a editora, responsável também pelo agenciamento de artistas como Axel ou Fernando Correia Marques.

O comandante dos bombeiros realçou que o carro em que seguia a cantora capotou na sequência da colisão e que as operações de socorro implicaram a realização de “trabalhos de desencarceramento e salvamento avançado”, revelou à agência Lusa.

Segundo a TVI, a cantora telefonou a um familiar durante a viagem, revelando que estava a sentir-se mal e que “por isso iria arriscar em encostar o Smart” na autoestrada. Terá sido nesse momento que o carro da cantora terá sido abalroado.

Cláudia Isabel Leiria Madeira nasceu no dia 4 de outubro de 1982, em Faro, e desde muito cedo se dedicou à música. Com seis anos já subia aos palcos algarvios para fazer concertos, onde interpretava temas infantis.

Continuou a dedicar a sua vida à música, tendo participado em diversos concursos de rádio, integrou o Conservatório Regional do Algarve, onde teve aulas de canto, e, em 1995, lançou o seu primeiro disco, Dizias Tu, Pensava Eu, seguido de Pensei com o Coração (1998), o seu maior sucesso, Preciso de um Herói (1999), Meu Sonho Azul (2002), Preto no Branco (2006), Quem és Tu (2009), Contra Tudo e Todos (2010) e o seu último álbum em estúdio, Condenada (2020). 

Em 2010 concorreu ao Festival RTP da Canção, com a canção Contra tudo e todos, tendo chegado às semi-finais. 
A cantora participou ainda na segunda edição do Big Brother Famosos, em 2002, onde foi a primeira concorrente a ser expulsa do programa. Teve duras críticas a apontar ao programa afirmando que era vítima de “uma cabala” que tentava destruir a sua carreira e de “emporcalhar” o seu bom nome. Oator Vítor Norte acabaria por sagrar-se vencedor dessa edição do concurso.

Este foi o segundo acidente de carro da cantora no espaço de três anos, tendo revelado numa entrevista com o apresentador Manuel Luís Goucha, no seu programa da TVI, que tinha ficado com sequelas.

“Foi à porta da minha casa. Estava parada, num semáforo, e, quando a luz passa a verde, avanço e a outra condutora nem sequer travou e acabou por embater no meu carro. Como foi um embate lateral, o meu cinto de segurança não ‘dispara’ e sou projetada e bato em toda a zona de metal, o que me provocou algumas lesões”, descreveu, acrescentando que poderia ter ficado cega devido às lesões.

Após a morte da cantora ter sido tornada publicada, não tardaram a chegar as reações de diversas figuras públicas portuguesas. “Ainda ontem dancei com ela, contracenei com ela, jantei com ela”, contou, emocionado, o cantor Emanuel, num telefonema para o programa da manhã da SIC, Casa Feliz. 

“Sempre foi uma miúda incrível. Com um sorriso aberto, adorava o que fazia, agradecida, talentosa, boa colega, sempre com uma palavra, uma mensagem amiga e cúmplice. Estou muito perturbado com isto. Cuidado com as viagens depois de muitas horas de trabalho. Oh minha querida, descansa. O céu é todo teu. Vamos sentir muito a tua falta”, escreveu, por sua vez, José Carlos Malato.

“Não há palavras para este dia triste com a partida da Claudisabel, que ainda ontem vi na televisão e hoje já não está entre nós”, lamentou Tony Carreira, na sua conta de Facebook, acrescentando: “Mais uma jovem cuja vida a estrada nos roubou”, referindo-se à sua filha Sara Carreira, que, há dois anos, faleceu num acidente de viação.

Após esta trágica notícia, em conversa com João Baião e Diana Chaves, a corista de Claudisabel, Xana Silva, revelou que a artista estava a preparar o lançamento de uma música nova. “Gostava muito que fosse lançada, era mais uma homenagem para ela porque foi pena não ter lançado a nova música dela. Era mais um sonho, mais um bebé dela”, revelou.