A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu que o fornecimento de gás da União Europeia está “seguro este inverno”, mas há perigo à espreita para o próximo.
Numa conferência de imprensa conjunta com Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia (IEA), von der Leyen mostrou não ter dúvidas: “Chegou a altura de tornarmos as compras conjuntas de gás uma realidade. Temos a plataforma de energia em funcionamento e temos de a operacionalizar agora porque cada dia de atraso na implementação do mecanismo de compra conjunta acarreta um preço”, defendeu.
É que os ministros europeus da energia reúnem-se esta terça-feira e a presidente do executivo comunitário pede um “acordo sobre o regulamento de emergência proposto a 18 de outubro”, alertando: “Precisamos dele agora”.
A responsável avançou ainda que Bruxelas já está em “discussões com os países parceiros dos Estados-membros e empresas” com o objetivo de concretizar estas compras conjuntas de gás, um método semelhante ao que fez para aquisição comum, em nome da UE, de vacinas contra a covid-19.
“Estamos agora a virar o nosso foco para a preparação para 2023 e para o próximo inverno”, disse von der Leyen. “Para isso, a Europa precisa intensificar os seus esforços em vários campos, desde a divulgação internacional até à compra conjunta de gás e a expansão e aceleração das energias renováveis e redução da procura”, acrescentou.
O relatório da AIE alerta a União Europeia que o bloco pode enfrentar escassez de gás já no próximo ano devido ao corte do fornecimento de combustível vindo da Rússia e que a situação para preencher os reservatórios de gás no continente pode ser ainda mais difícil no próximo ano.
“Muitas das circunstâncias que permitiram aos países da UE encher os seus locais de armazenamento antes deste inverno podem não se repetir em 2023”, disse alertou Fatih Birol, alertando uma recuperação económica na China também pode tornar mais difícil para a UE comprar gás natural liquefeito.
E explicou que o bloco pode enfrentar um défice de até 30 mil milhões de metros cúbicos de gás no próximo ano, com base nas conclusões de um relatório da IEA.
Muitos países da UE querem que o bloco limite o preço do gás natural importado, com o objetivo de evitar a repetição dos picos de preços deste verão que causaram turbulência nos mercados. Essa será uma parte fundamental do Conselho de Energia de emergência desta terça-feira, mas ainda existem profundas divisões sobre a medida.
Inverno “a salvo” A presidente da Comissão Europeia garantiu, no entanto que, “estamos a salvo para este inverno e a chantagem da Rússia falhou”. E acrescentou: “O resultado de todas as ações [apresentadas pela Comissão Europeia] é que estamos a salvo para este inverno e que a chantagem da Rússia falhou. No entanto, algumas das nossas propostas ainda estão em discussão e são essenciais […] porque a preparação para o próximo inverno de 2023-2024 começa agora”.
E deixou a promessa: “Trabalharemos na criação de um fundo soberano para assegurar que a Europa continua a ser líder mundial em tecnologias limpas”.
Em percentagem, o abastecimento de gás russo por gasodutos à UE caiu 80% em setembro deste ano face ao mesmo período do ano passado.