O Presidente da Turquia, Recep Erdogan, afirmou “muito abertamente” que os países ocidentais estão a seguir “uma política baseada na provocação” contra a Rússia.
"Posso dizer muito abertamente que não considero correta a atual atitude do Ocidente. […] O Ocidente está a seguir uma política baseada na provocação", declarou Erdogan numa conferência de imprensa com o homólogo sérvio, Aleksandar Vucic, quando foi questionado sobre a crise energética na Europa.
Depois de criticar a posição do ocidente, o chefe do Estado turco sublinhou a forma como tem equilibrado os laços políticos entre a Rússia e a Ucrânia.
"Quando se tenta travar uma guerra de forma tão provocadora, não se poderá alcançar os resultados desejados. Nós, Turquia, sempre mantivemos uma política de equilíbrio entre a Rússia e a Ucrânia", salientou.
Recorde-se que a Turquia forneceu a Kiev drones militares, mas não aderiu como os restantes países da NATO às sanções aplicadas contra a Rússia desde o início da ofensiva de Moscovo na Ucrânia.
Atualmente, a crise de gás na Europa está no centro da discussão política. Para Erdogan, a crise energética é o resultado de uma política europeia de fazer frente a Putin, levando-o a utilizar esta matéria-prima como arma.
"Claro, a Europa colhe o que semeou. Desde logo, a postura da Europa contra Putin, com a imposição das sanções, levaram Putin, quer queira quer não, ao ponto de dizer: 'se fizerem isso, eu farei isto'", apontou chefe de Estado turco ainda em Ancara, antes de seguir para Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina.
"Putin usa todas as possibilidades e armas à sua disposição. Uma das mais importantes é o gás natural. […] É lamentável, não queríamos, mas isto está a acontecer e acho que, neste inverno, a Europa vai ter problemas realmente sérios. Nós, na Turquia, não teremos esse problema", frisou.
Ainda assim, Erdogan pronunciou-se contra a invasão russa no início do conflito, estando a favor da integridade territorial da Ucrânia, incluindo a península da Crimeia (anexada pela Rússia em 2014). Contudo, tem feito várias declarações nas quais tomou o lado russo.
Durante o período de negociações, a diplomacia turca teve um importante papel no desbloqueio da exportação de cereais ucranianos e de fertilizantes russos. Em Istambul, Ucrânia, Rússia, Turquia e as Nações Unidas assinaram os acordos sobre a exportação de cereais e de produtos agrícolas através do Mar Negro.