Espanha declara 223 mil hectares queimados como zona de catástrofe

Espanha declara 223 mil hectares queimados como zona de catástrofe


Sánchez sublinhou que os mais de 223.000 hectares destruídos em Espanha – em junho, julho e agosto – superam já a área ardida em 2012, considerado o pior ano até agora em termos de grandes fogos, quando os incêndios destruíram mais de 189.000 hectares, segundo dados europeus.


Os "grandes incêndios", aqueles que queimam pelo menos 500 hectares, já calcinaram mais de 223.000 hectares em Espanha este ano e o Governo vai declarar "zona de catástrofe" as áreas afetadas, disse hoje o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.

 

Sánchez sublinhou que os mais de 223.000 hectares destruídos em Espanha – em junho, julho e agosto – superam já a área ardida em 2012, considerado o pior ano até agora em termos de grandes fogos, quando os incêndios destruíram mais de 189.000 hectares, segundo dados europeus.

A declaração de "zonas gravemente afetadas por uma emergência de proteção civil", vulgarmente conhecida em Espanha como "zona de catástrofe", vai ser aprovada no Conselho de Ministros de terça-feira e abrangerá todas as regiões afetadas por grandes fogos este ano, que já obrigaram também a desalojar mais de 270.000 pessoas temporariamente, segundo disse o primeiro-ministro espanhol.

Sánchez falava durante uma visita à província de Castellón, na região de Valência, onde um fogo foi dado como dominado no domingo, depois de ter avançado sem controlo durante uma semana e queimado mais de 20.000 hectares, segundo dados provisórios das autoridades locais.

O primeiro-ministro espanhol garantiu o "compromisso do Governo de Espanha" na mobilização de recursos para extinguir os fogos, mas também na prevenção dos incêndios e na recuperação das zonas afetadas, o que permitirá fazer a declaração de "zonas de catástrofe", através do desbloqueio de verbas com este objetivo.

Além das perdas de bens das populações e de património público, os incêndios causam também graves perdas na biodiversidade que é necessário paliar, destacou ainda o governante.

Sánchez sublinhou que este é o ano mais quente em Espanha desde pelo menos 1968, a quando remontam os registos oficiais fiáveis e comparáveis mais antigos, e disse estar em causa uma "emergência climática" e "incêndios de nova geração", que exigem "repensar a forma como se luta e previnem" os fogos.

Neste contexto, o governante afirmou que no início de agosto o Governo espanhol aprovou legislação para mudar regras relativas à prevenção de incêndios e à coordenação de meios de combate durante todo o ano, apelando a que os partidos aprovem a iniciativa no parlamento e que não usem estas questões em lutas partidárias.

Segundo dados oficiais do Governo espanhol, atualizados até 14 de agosto e citados hoje pelos meios de comunicação, Espanha registou 50 "grandes incêndios" este ano.

É preciso remontar a 2006 para haver um número superior (58) e a média são 11 "grandes incêndios" por ano.

Em termos de área ardida, os fogos queimaram até 14 de agosto 229.257 hectares, mais do que o total dos cinco anos anteriores.

Já segundo dos dados do sistema de informação europeu EFFIS, que usa imagens de satélite para fazer estimativas, a área ardida em Espanha este ano já chega aos 286.563 hectares, o que representa 39,3% total calcinado na União Europeia (UE) em 2022.

Espanha é assim o país da UE com mais hectares atingidos pelos fogos, seguido pela Roménia (149.172 hectares), Portugal (92.165), França (62.084) e Itália (47.363).

Em termos de percentagem de território ardido, Portugal é o país mais afetado (1,01%) e Espanha o quarto (0,54%).

Todo o território de Espanha continental tem sido afetado por grandes fogos este ano, mas mais de 53% da área ardida está localizada no noroeste do país (regiões da Galiza, Cantábria, Leão e Zamora).