Rafael Nadal bateu, na final do Open de França, em Paris, o norueguês Casper Ruud, de apenas 23 anos de idade, em três sets (6-3, 6-3 e 6-0), num confronto que durou duas horas e 18 minutos. A folgada vitória valeu-lhe a 14.ª conquista do torneio de Roland Garros, e, por sua vez, o seu 22.º Grand Slam. Assim, e mesmo num jogo em que sofreu com dificuldades associadas a uma lesão no pé, Nadal conseguiu distanciar-se ainda mais do sérvio Novak Djokovic e do suíço Roger Federer na lista dos tenistas com mais títulos Grand Slam no seu histórico (ambos com 20). «Claramente, o Novak [Djokovic] está na melhor posição para bater o recorde porque não tem problemas físicos, e está a jogar a um nível espetacular. O [Roger] Federer tem estado fora durante algum tempo, e podes sempre esperar algo especial dele, mas todos sabemos quão difícil é regressar, especialmente aos 40 anos. Não me incomodava quando estávamos empatados, e não me incomoda agora que tenho dois títulos de avanço. Só quero continuar a competir». Assim revelou Nadal a sua posição relativamente ao recorde que detém de títulos em Grand Slams, citado pela Sky Sports Italy.
«É difícil explicar o que sinto. Claro que não acreditava que ia estar aqui, aos 36 anos, a jogar mais uma final no court mais importante da minha carreira. Significa muito», disse Nadal, apenas momentos após a vitória no court Philippe Chatrier, onde o próprio Rei Felipe VI esteve a assistir nas bancadas.
Mais tarde, no rescaldo da vitória em Paris, o tenista fez uma revelação: «Joguei sem sentir o pé, porque levei injeções no nervo. O pé estava dormente para não sentir nada», disse, em entrevista à Eurosport. Em conferência de imprensa já desvendara que, durante o segundo torneio de Grand Slam do ano, recebeu «várias injeções antes de cada encontro» para adormecer os nervos.
«Como já disse, dadas as circunstâncias atuais, não posso e não quero continuar a jogar [com o pé ‘adormecido’]», sublinhou o número 4 do mundo.
Aos 36 anos de idade, e depois de uma lesão no pé esquerdo, começaram a surgir os rumores de que Nadal estaria a aproximar-se à velocidade da luz do fim da sua carreira como tenista. Agora, a grande dúvida prende-se com a eventual presença do espanhol no torneio de Wimbledon, terceiro Grand Slam do ano, que se joga já entre 27 de junho e 10 de julho deste ano, daqui a menos de um mês.
Em resposta, Nadal não disse ‘nem sim nem sopas’. «Estarei em Wimbledon se o meu corpo estiver preparado para estar em Wimbledon. Wimbledon não é um torneio que queira falhar», disse, até porque estar na relva do Grand Slam londrino é «uma prioridade».
«Wimbledon sempre foi uma prioridade. Se puder jogar com anti-inflamatórios, sim. Não quero colocar-me na posição de ter de jogar com injeções anestesiantes outra vez. Pode acontecer uma vez, mas não é uma filosofia de vida que queira seguir», afirmou o espanhol, garantindo que acedeu a esses mesmos anti-inflamatórios em Paris porque «Roland Garros é Roland Garros», realçando o ‘lugar especial’ que esse torneio ocupa na sua carreira.
Vozes contrárias
Há quem, no entanto, não esteja de acordo com as opiniões de Nadal sobre as injeções anti-inflamatórias. Foi o caso de Guillaume Martin, ciclista da Cofidis, que, em declarações ao L’Équipe, argumentou que o mesmo não seria possível no ciclismo. «O que o Nadal fez seria impossível no ciclismo e acho que é normal. Se estás doente ou lesionado, não competes. Isso faz todo o sentido, por diversas razões. Primeiro pela saúde dos atletas. A longo prazo não estou certo que possa ser benéfico para o tornozelo do Nadal. Além disso, a medicação, especialmente injeções, não têm apenas um efeito de curar, podem também ter efeitos na performance, por isso, no meu entender, está um pouco no limite», começou por dizer. «Se um ciclista fizer a mesma coisa, já estaria banido. E mesmo que não fosse o caso, todos viriam a público acusá-lo de ser dopado, porque há já um passado, uma cultura, uma fama associada ao ciclismo. Enquanto isso, as pessoas aplaudem o Nadal por ser capaz de jogar com dores», concluiu o ciclista.