Anualmente os aficionados do cinema aguardam aquele que é um dos grandes momentos da celebração da sétima arte: o Festival de Cannes, em França, que desde 1946 premeia o melhor do cinema do mundo e no qual desfilam as celebridades mais conhecidas do universo da representação.
Depois de duas edições condicionadas pela pandemia da covid-19 e numa altura em que a realidade da guerra se impõe, a 75.ª edição começou esta terça-feira – sem restrições sanitárias, à espera de 35 mil pessoas – com o discurso, por videoconferência, do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na sessão de abertura, mas também com uma grande mão portuguesa no cartaz, que conta com várias produções e coproduções nacionais.
O primeiro filme português a entrar em cena foi Alma Viva, a primeira longa-metragem da cineasta luso-portuguesa Cristèle Alves Meira. Conta a história de Salomé, que num dos seus regressos a Portugal, vinda de França, para passar férias com a avó, é apontada na aldeia como bruxa.
Restos de Vento, de Tiago Guedes, filme produzido por Paulo Branco e com Albano Jerónimo como protagonista, é outra das produções exibidas em Cannes. “Uma tradição pagã numa vila do interior de Portugal deixa traços dolorosos num grupo de jovens adolescentes. 25 anos depois, ao reencontrarem-se, o passado ressurge e a tragédia instala-se”, lê-se na sinopse.
No dia 24 dar-se-ão a conhecer outros três portugueses de Cannes 2022: a curta Mistida, de Falcão Nhaga, que estará presente no programa La Cinef, dedicado a obras feitas em contexto escolar; Ice Merchants, curta-metragem de animação de João Gonzalez (Semana da Crítica), e a longa Fogo-Fátuo, de João Pedro Rodrigues (Quinzena dos Realizadores), apresentada como “uma fantasia musical”.
A Semana da Crítica, da qual faz parte o filme de Cristèle Alves Meira, rodado em Trás-os-Montes, integra também Tout le Monde Aime Jeanne, um filme realizado pela francesa Céline Devaux e com coprodução portuguesa pela O Som e a Fúria, tendo sido filmado maioritariamente em Portugal, com técnicos e parte do elenco portugueses.
Numa tomada de posição contra a invasão militar russa na Ucrânia, o festival de Cannes anunciou que não acolherá delegações oficiais ou ligadas ao governo russo e incluiu na programação o filme Mariupolis 2, do realizador lituano Mantas Kvedaravicius, que morreu em Mariupol, na Ucrânia, recentemente. O festival termina no dia 28 deste mês.