Começou esta sexta-feira, em Varsóvia, Polónia, o primeiro julgamento sobre a aplicação da nova, e polémica, regulamentação no país sobre o aborto, contra Justyna Wydrzynska, mulher ativista da organização Abortion Dream Team (ADT), que ajudou outra a interromper a gravidez, podendo vir a ser condenada a três anos de prisão.
O governo polaco, conservador, aplicou em janeiro do ano passado um reforço à lei contra o aborto, e que foi ratificada pelo Presidente Andrzej Duda. A lei levou às ruas, durante semanas, centenas de pessoas em protesto, mesmo com as restrições impostas pelo governo devido à covid-19.
Wydrzynska, segundo diz o site Reporting Democracy, escreveu uma mensagem aos seus apoiantes na qual refere estar "com um nó na garganta e com um aperto no estômago".
“Os próximos dias serão difíceis para mim”, continuou. “Mas eu vou ao tribunal com paz no coração. Eu sei que fiz a coisa certa, porque apoiar o aborto é uma coisa boa, se graças a mim alguém encontrou a paz”.
A ativista explicou que, entre fevereiro e março de 2020, uma mulher cujo nome não foi divulgado entrou em contacto consigo, a pedir ajuda para abortar, uma vez que já tinha recorrido a uma outra associação com o mesmo objetivo, mas sem sucesso. A mulher também já havia ido a Alemanha para realizar o aborto, mas sofreu ameaças do marido.
As autoridades polacas acabaram por encontrar informações e medicamentos na casa de Wydrzynska, suscitanto um interesse da "Ordo Luris", uma associação ultra católica que apoiou o projeto-lei contra o aborto, contribuindo mesmo para a redação da proposta. Wydrzynska foi acusada de "responsabilidade passiva" e de tráfico ilegal de medicamentos.