O Fórum para a Competitiva prevê que a inflação se situe entre 2% e 4%, em 2022, acelerando face a 2021 (1,3%), “tal como sucede na zona euro, com elevada incerteza em relação à normalização das cadeias de produção e aos preços das matérias primas, em particular dos produtos energéticos”. E lembra que os preços na produção industrial apresentaram variações homólogas negativas entre julho de 2019 e fevereiro de 2021. No entanto, lembra que “desde então, têm estado em sucessiva aceleração, tendo atingido o máximo de 18,7% em novembro”.
E os desafios não ficam por aqui. A entidade liderada por Ferraz da Costa lembra que o ano inicia-se com eleições legislativas antecipadas, o que no entender do organismo, “poderão produzir um Parlamento com dificuldade em gerar um Governo com uma base estável, apoiada numa maioria de deputados”.
Ainda assim, admite que “mais importante do que a estabilidade governativa é a capacidade reformista que o próximo executivo venha a revelar”, acrescentando que o “Governo cessante, ainda que tenha sido fruto de uma solução que durou seis anos, não teve qualquer capacidade de reformar, antes tendo revertido algumas mudanças legislativas importantes da governação anterior”.
Já em termos internacionais refere que “a subida recente da inflação veio instalar a ideia de que, permanecendo um fenómeno transitório, poderá demorar mais tempo e atingir uma expressão mais intensa do que o inicialmente previsto” e, face a esse cenário, “houve uma antecipação do calendário de normalização da política monetária dos principais bancos centrais. Sem entrar no debate – aceso – sobre o grau de transitoriedade da inflação, tem que se reconhecer que os seus riscos provêm da oferta (e, subsidiariamente, das expectativas) e que a reação dos bancos centrais cria um risco adicional de abrandamento do ritmo de recuperação económica”.
E os riscos não ficam por aqui. Em termos geopolíticos, os problemas poderão estar centrados na Ucrânia e eventuais sanções à Rússia devem conduzir a retaliação por parte deste país e à subida dos preços do gás natural, se não mesmo a dificuldades no abastecimento.
O Fórum para a Competitividade chama ainda a atenção para as características da variante Omicron: “É mais contagiosa, mas menos perigosa do que as anteriores. Estes factos, em conjunto com a generalização da vacinação, criam condições para aliviar a forma de lidar com os seus riscos. No entanto, para já, o que tem dominado tem sido uma forte subida de novos casos”, referindo que a “evolução futura da pandemia, não se excluindo o surgimento de novas variantes, deverá ter um impacto significativo sobre a eventual normalização das cadeias de valor, permitindo uma mais clara retoma e abrandamento da inflação”.
O organismo liderado por Pedro Ferraz da Costa deixou ainda uma palavra ao setor da construção, afirmando que há queixas significativas de falta de mão-de-obra qualificada e de aumento do preço das matérias-primas, que poderão constituir um obstáculo, quer para a execução do PRR quer para a retoma económica.
Já em relação ao turismo garante que continua o setor mais sensível à evolução dos novos casos de covid e à forma como as autoridades lhes respondem, quer no nosso país, quer no exterior. “Segundo a própria CTP, o volume de negócios do setor deverá ficar ainda 23% abaixo do de 2019, uma melhoria face à queda de 42% face a esse referencial, sofrida em 2021”.