Para onde vai o CDS?

Para onde vai o CDS?


É inevitável que Nuno Melo avance contra Francisco Rodrigues dos Santos, mas resta saber que espaço sobra para o CDS entre o PSD, o Chega e o IL.


Francisco Rodrigues dos Santos sabe que a oposição interna vai desafiá-lo imediatamente a seguir às eleições autárquicas, com o eurodeputado Nuno Melo à cabeça. É inevitável e nada tem a ver com os resultados das eleições de domingo, sejam eles quais forem. Até porque, concorrendo em coligação com o PSD em praticamente metade do país, é impossível projetar-se o peso do partido em termos nacionais, sendo, porém, expectável que tanto o Chega como Iniciativa Liberal sedimentem os seus espaços, crescendo em relação às legislativas de 2019 e reduzindo ainda mais a margem de manobra dos centristas.

Em 2017, o CDS-PP conquistou um total de seis autarquias. Em coligação com o PSD, os centristas cantaram vitória em mais uns quantos concelhos e a sina deverá repetir-se no domingo, onde os centristas são candidatos a 251 municípios, dos quais em menos de metade (116) com listas próprias.

Velas, Ponte de Lima, Albergaria-a-Velha, Vale de Cambra, Santana e Oliveira do Bairro foram os concelhos que se pintaram de azul nas últimas eleições e onde o partido terá os seus olhos neste próximo domingo. Em Oliveira do Hospital, onde Francisco Rodrigues dos Santos é candidato à Assembleia Municipal, os centristas procuram também lucrar da ligação familiar do candidato a esta terra para tentar conquistar um concelho que, em 2017, elegeu os socialistas para a autarquia.

Os resultados das eleições autárquicas, tanto de forma individual como através das várias coligações, serão também importantes para a popularidade do atual líder do partido, que sofreu durante este ano vários ataques internos, nomeadamente de militantes como Adolfo Mesquita Nunes.

Em campanha autárquica, Nuno Melo esteve junto de Francisco Rodrigues dos Santos e não confirmou aos jornalistas estar a pensar numa possível candidatura à presidência do partido, apesar de lhe ter tecido fortes críticas em julho deste ano, nas jornadas parlamentares do partido. «Eu candidatei-me à Câmara de Famalicão, para já é a única candidatura que tenho e o que eu desejo é que o CDS tenha muito bons resultados autárquicos, e o meu esforço está todo aí», concluiu o eurodeputado.

O «para já» de Nuno Melo é que releva, salientam os centristas críticos da atual liderança do partido e particularmente os herdeiros do portismo, que não perdoam a Rodrigues dos Santos ter apadrinhado o regresso ao partido do eterno rival de Paulo Portas, antigo líder do CDS e fundador da Nova Democracia, Manuel Monteiro.

Tal como no PSD, também no CDS as bases já contam espingardas e preparam terreno para o próximo embate.