O principal embate pela autarquia lisboeta será travado entre Fernando Medina – atual Presidente da Câmara, que se candidata através de uma coligação PS-Livre – e Carlos Moedas – cabeça de lista de uma coligação PSD-CDS-PPM-MPT-Aliança.
Estas eleições ficarão certamente marcadas pelo escândalo que assombrou Fernando Medina, em junho – mês em que veio a público que a sua autarquia divulgou dados pessoais de ativistas russos ao Kremlin. Também Carlos Moedas tem telhados de vidro (embora não da famosa indústria vidreira russa).
Depois da gafe em que, no Fórum TSF, agradecera o “convite” (quando havia sido o próprio a inscrever-se, algo que o jornalista deixou claro), o candidato social-democrata foi acusado de bipolaridade por dizer uma coisa em Bruxelas e o seu contrário em Lisboa: se em Bruxelas, enquanto comissário europeu, dizia que em Lisboa os cidadãos participavam no governo da cidade, agora enquanto candidato autárquico, disse que ninguém os ouvia ou queria ouvi-los.
Como justificação, ao Nascer do Sol, notou ter sido “uma postura institucional de comissário europeu”, embora também tenha notado à época do comentário em Bruxelas não saber que os orçamentos participativos eram “uma coisa faz de conta”. Mas há mais: a lista de Carlos Moedas à autarquia lisboeta causou celeuma dentro de dois dos seus partidos apoiantes: o CDS – que teve, há quatro anos, em Lisboa, um resultado estrondoso – e a Aliança.
Relativamente ao primeiro, o facto de Francisco Rodrigues dos Santos ter optado por Filipe Anacoreta Correia para número dois de Moedas – afastando assim João Gonçalves Pereira – eriçou ainda mais a guerra entre as duas barricadas centristas. No segundo, o nome escolhido pela Aliança – Jorge Nuno de Sá – à revelia da direção nacional, fez com esta se juntasse para pedir a demissão (e prisão) do atual presidente do partido, Paulo Bento.
Medina é favorito. E sondagens? A um mês das eleições, quase doze pontos percentuais separam os dois principais candidatos à Câmara de Lisboa. A sondagem da Eurosondagem/Grupo Libertas para o Nascer do Sol dá vantagem a Medina sobre Moedas, que, não obstante, precisará do PCP ou do BE para ter maioria no executivo.
Surge, então, com 38,6% dos votos, Fernando Medina; segue-se-lhe Carlos Moedas, com 26,9%, João Ferreira, da CDU, com 7,7%, Beatriz Gomes Dias, do BE, com 6,3%, Bruno Horta Soares, da IL, com o mesmo número de Beatriz, Nuno Graciano, do Chega, com 4,8% e Manuela Gonzaga, do PAN, com 3,3%. Votos brancos, nulos ou outras possibilidades representam 6,1% e 17,2% dos inquiridos ou não sabe ou rejeitou responder.