Missa na RTP. Há quem leia São Paulo e se lembre do Afeganistão

Missa na RTP. Há quem leia São Paulo e se lembre do Afeganistão


Figuras conhecidas reagiram à passagem bíblica em que São Paulo diz que as mulheres devem ser submissas aos seu maridos, comparando-a à sharia.


Muitas reações gerou a leitura da passagem da Epístola de São Paulo aos Efésios em direto na Eucaristia Dominical da RTP. Bastantes figuras mediáticas pronunciaram-se nas redes sociais – e muitas compararam a passagem de São Paulo à opressão sofrida pelas mulheres do Afeganistão.

Uma delas foi a jornalista Fernanda Mestrinho, que recorreu ao Twitter para partilhar o vídeo seguido da descrição: “Não, não é em Cabul, é na missa televisiva de domingo, hoje… Uma talibona.”. Outra jornalista, Constança Cunha e Sá, também reagiu através da mesma rede social, mas no sentido inverso: “Há uma coisa que se chama exegese bíblica (ou hermenêutica, se quiserem): serve para nos ajudar a ler a Bíblia, perceber as suas várias interpretações, contextualizar o que lá é escrito através da história e da linguística, por exemplo. Não se pode ler a Bíblia como quem lê a história da Carochinha e do João Ratão”, escreveu.

Também a influencer Madalena Abecasis utilizou a sua página do Instagram para partilhar o vídeo da leitura e, ao que parece, comparar a posição das mulheres cristãs à das mulheres afegãs: “Peço desculpa por este post, mas estou ainda boquiaberta com o que foi lido por esta senhora – calculo que nem sabia o que estava a ler – hoje em direto na RTP. Tendo em conta todo o panorama mundial, ainda mais ignorante, pré-histórico e maléfico é. Maléfico. É só isto que tenho a dizer. E não me venham dizer que é tirado do contexto, pois não há contexto NENHUM neste mundo que justifique este discurso nos dias que correm. (..) FYI [para sua informação] Eu sou católica”. A apresentadora Cristina Ferreira partilhou o vídeo de Madalena na sua história do Instagram, deixando a seguinte descrição: “Não pode ser?”

Mas foi – o que resultou, por exemplo, numa reação do humorista Nilton: “Se calhar, até porque estamos em 2021, já se parava de ler isto na missa. Ainda assim enviei para a minha mulher a ver se ela acreditava na senhora”. Também Catarina Camacho, remetendo o assunto a Cabul, se sentiu na necessidade de desabafar: “Não tenho palavras. Estou incrédula. Com tudo o que se está a passar no mundo esta “passagem” é angustiante. O meu Deus não é este. O meu Deus é livre. O meu Deus é pela igualdade e liberdade”.

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