O lucro do BCP caiu mais de 80% para 12,3 milhões de euros no primeiro semestre, com os resultados a serem penalizados com o reforço das provisões para os riscos legais com o caso dos empréstimos em francos suíços na Polónia e com os custos de reestruturação. Trata-se de um agravamento de 84% face a igual período do ano passado.
Em relação à reestruturação, que passará pela saída de cerca de mil trabalhadores – através de reformas antecipadas ou rescisões por mútuo acordo (sem acesso a subsídio de desemprego)., a instituição financeira liderada por Miguel Maya aponta para custos na ordem dos 87 milhões de euros. No entanto, este plano de saídas levará a poupanças anuais de 35 milhões de euros, no futuro, esclareceu o CEO durante a apresentação de resultados.
Recorde-se que este plano de reestruturação levou os deputados da Comissão de Trabalho e Segurança Social a votarem por unanimidade os requerimentos do PSD para audição aos sindicatos do setor bancário e ao presidente executivo do BCP. No requerimento, o PSD refere os “diversos despedimentos coletivos” que estão anunciados no setor bancário, onde assumem “particular relevo os do Banco Santander e do BCP”, considerando, por isso, necessário ouvir os sindicatos para que estes se pronunciem sobre a evolução desta situação e que tal ocorra ainda antes do final desta sessão legislativa.
Uma decisão que levou, os sete sindicatos do setor bancário, no dia 13 de julho a promoverem em conjunto a realização de uma manifestação em frente à Assembleia da República, contra os despedimentos, deixando em cima da mesa a realização de uma greve nacional. A iniciativa foi inédita por juntar pela primeira vez os vários sindicatos numa ação conjunta.
O gestor disse, no entanto, que esta reestruturação "não tem a ver com pandemia", que a crise pandémica foi um "acelerador de tendência" mas que já estava previsto fazer devido aos hábitos dos clientes que "querem a conveniência dos canais digitais", à evolução tecnológica que "permite níveis de automação e eficiência superiores" e a um "contexto estrutural (não conjuntural) de concorrência acrescida". E acrescentou que os funcionários do banco a dispensar são de serviços centrais e de sucursais, referindo que há cada vez mais operadores de base tecnológica que fazem concorrência ao banco, em diversas áreas, afirmando mesmo que alguns deles operam de modo "não regulado", repetindo uma crítica que tem feito recorrentemente.
Neste momento, o banco com 6937 trabalhadores nos seus quadros, menos 217 do que há um ano. E menos agências: encerrou 35 e tem agora 458 balcões.
Quanto à operação na Polónia, o BCP fez provisões de 214,2 milhões de euros para enfrentar eventuais decisões contrárias dos tribunais polacos, sendo que enfrenta quase oito mil processos judiciais no mercado polaco, dos quais 2.884 surgiram este semestre.
Também esta segunda-feira, o grupo Bank Millennium apresentou perdas de 512 milhões de zlótis (-112,7 milhões de euros), de acordo com os dados divulgados, em comunicado enviado à CMVM.
Raio-x
No longo deste período, a margem financeira subiu 0,7% para 768,2 milhões de euros. "Nesta evolução, importa salientar o crescimento observado na atividade em Portugal, pese embora o mesmo tenha sido, em grande parte, absorvido pela redução verificada na atividade internacional", refere. Já as comissões avançaram 6,4% para 352,6 milhões de euros.
Nos primeiros seis meses do ano, o banco liderado por Miguel Maya registou um aumento de 4,1% do crédito a clientes (líquido), enquanto os depósitos cresceram mais de 7%.
Os custos operacionais subiram quase 8% para 591,8 milhões de euros devido sobretudo ao custo não recorrente de 87 milhões com a reestruturação.
O balanço do banco também cresceu com mais depósitos (subiram 7,1% para 69,6 mil milhões de euros) e mais crédito à economia (cresceu, em termos líquidos, 4,1% para 55,9 mil milhões de euros).