A OCDE melhorou as projeções para a economia portuguesa, estimando agora um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,7% este ano e de 4,9% no próximo, mas fica abaixo das expectativas do Governo, que estima um crescimento de 4% para 2021 e de 4,9% para 202. As previsões económicas mundiais divulgadas pelo ’Economic Outlook’ representam uma melhoraria face às publicadas em dezembro, quando a organização estimava um crescimento do PIB português em 1,7% para 2021 e em 1,9% para 2022.
No relatório, a OCDE destaca o crescimento do consumo, com uma redução gradual da poupança, à medida que a situação sanitária vá melhorando e as medidas de contenção forem eliminadas. “A forte atividade no setor transformador e a absorção de fundos da União Europeia apoiarão o investimento e as exportações”, já o turismo e os serviços vão recuperar “apenas gradualmente, até que a pandemia esteja totalmente sob controlo”, refere.
A organização lembra que a política orçamental deve manter-se favorável até que a recuperação esteja firmemente em andamento, mas garante que “o apoio financeiro deve ser direcionado às empresas em dificuldades que ainda têm perspetivas viáveis”. E vai mais longe: “Acelerar a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência [PRR], ao mesmo tempo que se promove uma regulamentação favorável à concorrência, ganhos de eficiência nos serviços públicos e investimento verde, será fundamental para uma recuperação forte e sustentável”.
No entanto, deixa um alerta para a possibilidade de um aumento das falências de empresas, “principalmente quando as moratórias públicas acabarem”, o que no seu entender, poderá afetar a capacidade de investimento e, ao mesmo tempo, afetar a capacidade de crédito dos bancos por causa da subida do crédito malparado. Além disso, chama a atenção para o risco do aumento do desemprego, sobretudo entre os jovens e os trabalhadores pouco qualificados, o que, no seu entender, exige “o reforço da capacidade dos serviços públicos de emprego para darem apoio na procura de emprego e formação”.
A OCDE prevê que a taxa de desemprego em Portugal seja de 7,4% este ano (contra 6,8% em 2020) e desça para 7% em 2022. E aponta para uma dívida pública de 133,4% do PIB em 2021, apenas duas décimas abaixo dos 133,6% do PIB registados em 2020, o que contrasta com a expectativa do Governo de reduzir a dívida para os 128% do PIB este ano. Em 2022, a OCDE vê a dívida nos 130,2% do PIB, também bastante acima dos 123% projetados pelo Programa de Estabilidade.
Leão otimista
O ministro das Finanças voltou a garantir que tem confiança de que a economia portuguesa possa crescer mais em 2021 do que o previsto no Programa de Estabilidade, devido à fase de “viragem” e “forte recuperação” que está a observar-se.
Em relação às previsões da OCDE, João Leão sublinhou o facto de estas terem sido revistas em alta e de, para 2022, esta instituição apontar para uma taxa de crescimento idêntica à do Governo (4,9%). “A OCDE, que era a instituição mais pessimista, reviu em alta os números, aproximou-se muito das previsões do Governo e para 2022 tem a mesma estimativa do Governo, de 4,9%”.
PIB contraiu no 1.º trimestre
Também o INE divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB), em termos reais, registou uma variação homóloga de -5,4% no 1.º trimestre de 2021 (-6,1% no trimestre anterior), “refletindo os efeitos do confinamento geral no início deste ano devido ao agravamento da pandemia”, confirmando as estimativas divulgadas há um mês. Em comparação com o 4.º trimestre de 2020, o PIB diminuiu 3,3% em volume, após o ligeiro aumento (0,2%) verificado no trimestre anterior, “refletindo o impacto das limitações à mobilidade em consequência do agravamento da crise pandémica”.
De acordo com o INE, “a procura externa líquida apresentou um contributo menos negativo (-2,0 p.p.) que no 4.º trimestre (-3,7 p.p.) continuando, porém, a verificar-se uma contração mais intensa das Exportações de Bens e Serviços (-9,4%) que a observada nas Importações de Bens e Serviços (-4,5%), salientando-se em particular a redução muito significativa do turismo de não residentes”.