Os estilos de vida saudáveis


As doenças crónicas não transmissíveis tornaram-se responsáveis por mais de metade das mortes em todo o mundo.


O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sólida resposta à crise socioeconómica que vivemos, dedica a primeira componente à Saúde e prevê um investimento de 1383 milhões de euros para reforçar o Serviço Nacional de Saúde. 
São identificados, no PRR, sete desafios com que o país se depara: transição demográfica; peso crescente das doenças crónicas e degenerativas; elevada mortalidade evitável (sobretudo antes dos 70 anos); baixos níveis de bem-estar e qualidade de vida (principalmente depois dos 65 anos); fraca aposta na promoção da Saúde e na prevenção da doença; fragmentação dos cuidados prestados; elevado peso dos pagamentos diretos na Saúde. Para enfrentar estes problemas, propõem-se reformas em três domínios fundamentais – Saúde Mental, modelo de Governação dos Hospitais Públicos e Cuidados de Saúde Primários (CSP).

Foquemo-nos nos CSP e numa das áreas de intervenção em que assentará a reforma: promoção da saúde e de estilos de vida saudáveis.

No último século, os países mais desenvolvidos, em que Portugal se insere, conheceram entre 30 a 35 anos de aumento na esperança de vida das suas populações. Este benefício ficou a dever-se às medidas de Saúde Pública adotadas e aos avanços médico-cirúrgicos ocorridos. Contudo, estes ganhos de longevidade têm vindo a esbater-se e o mesmo acontece com a modesta qualidade de vida dos idosos, ambos em nítido contraste com os crescentes gastos com a Saúde.
Com o envelhecimento populacional, as doenças crónicas não transmissíveis tornaram-se responsáveis por mais de metade das mortes em todo o mundo, cerca de dois terços nos países mais desenvolvidos, sendo as maiores consumidoras dos orçamentos para a Saúde.

O tipo de sociedade em que nos fomos organizando para viver condiciona seriamente a nossa existência nas suas várias facetas – alimentação, atividade física, relação com o(s) ambiente(s), interação com os outros, trabalho, sono, sexualidade, lazer, transportes –, originando consequências comportamentais que são fatores de risco comuns para o desenvolvimento de várias doenças, sobretudo crónicas, de que são exemplos o tabagismo, o abuso do consumo de álcool, a inatividade física, a ingestão excessiva de sal, gorduras e açucares, etc..
Considerando que as suas causas estão bem identificadas e dependem, sobretudo, de hábitos e comportamentos, importa modificar a forma como nos relacionamos com o meio ambiente em que nos inserimos, como lidamos com as tarefas e restantes atividades diárias e como nos entendemos com os outros e connosco próprios.

A dimensão e complexidade do combate às doenças crónicas não transmissíveis não se pode vencer apenas com fármacos e/ou outras terapêuticas. “É melhor prevenir que remediar”, diz o povo. E tem razão.
Como muito bem refere o PRR, este é um problema cuja resolução é essencial para o sucesso da reforma dos CSP e que não pode ser convenientemente enfrentado por uma abordagem médica fragmentada, mas sim através de uma oferta, coerente e agregadora, dos cuidados de saúde que privilegie as propostas de mudança dos nossos hábitos e comportamentos diários, no que à Saúde diz respeito. E, neste caso, tudo é Saúde.

Diretor do Serviço de Reumatologia no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE. – Hospital de Egas Moniz

Professor Catedrático e Diretor da NOVA Medical School / Faculdade de Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa

Os estilos de vida saudáveis


As doenças crónicas não transmissíveis tornaram-se responsáveis por mais de metade das mortes em todo o mundo.


O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sólida resposta à crise socioeconómica que vivemos, dedica a primeira componente à Saúde e prevê um investimento de 1383 milhões de euros para reforçar o Serviço Nacional de Saúde. 
São identificados, no PRR, sete desafios com que o país se depara: transição demográfica; peso crescente das doenças crónicas e degenerativas; elevada mortalidade evitável (sobretudo antes dos 70 anos); baixos níveis de bem-estar e qualidade de vida (principalmente depois dos 65 anos); fraca aposta na promoção da Saúde e na prevenção da doença; fragmentação dos cuidados prestados; elevado peso dos pagamentos diretos na Saúde. Para enfrentar estes problemas, propõem-se reformas em três domínios fundamentais – Saúde Mental, modelo de Governação dos Hospitais Públicos e Cuidados de Saúde Primários (CSP).

Foquemo-nos nos CSP e numa das áreas de intervenção em que assentará a reforma: promoção da saúde e de estilos de vida saudáveis.

No último século, os países mais desenvolvidos, em que Portugal se insere, conheceram entre 30 a 35 anos de aumento na esperança de vida das suas populações. Este benefício ficou a dever-se às medidas de Saúde Pública adotadas e aos avanços médico-cirúrgicos ocorridos. Contudo, estes ganhos de longevidade têm vindo a esbater-se e o mesmo acontece com a modesta qualidade de vida dos idosos, ambos em nítido contraste com os crescentes gastos com a Saúde.
Com o envelhecimento populacional, as doenças crónicas não transmissíveis tornaram-se responsáveis por mais de metade das mortes em todo o mundo, cerca de dois terços nos países mais desenvolvidos, sendo as maiores consumidoras dos orçamentos para a Saúde.

O tipo de sociedade em que nos fomos organizando para viver condiciona seriamente a nossa existência nas suas várias facetas – alimentação, atividade física, relação com o(s) ambiente(s), interação com os outros, trabalho, sono, sexualidade, lazer, transportes –, originando consequências comportamentais que são fatores de risco comuns para o desenvolvimento de várias doenças, sobretudo crónicas, de que são exemplos o tabagismo, o abuso do consumo de álcool, a inatividade física, a ingestão excessiva de sal, gorduras e açucares, etc..
Considerando que as suas causas estão bem identificadas e dependem, sobretudo, de hábitos e comportamentos, importa modificar a forma como nos relacionamos com o meio ambiente em que nos inserimos, como lidamos com as tarefas e restantes atividades diárias e como nos entendemos com os outros e connosco próprios.

A dimensão e complexidade do combate às doenças crónicas não transmissíveis não se pode vencer apenas com fármacos e/ou outras terapêuticas. “É melhor prevenir que remediar”, diz o povo. E tem razão.
Como muito bem refere o PRR, este é um problema cuja resolução é essencial para o sucesso da reforma dos CSP e que não pode ser convenientemente enfrentado por uma abordagem médica fragmentada, mas sim através de uma oferta, coerente e agregadora, dos cuidados de saúde que privilegie as propostas de mudança dos nossos hábitos e comportamentos diários, no que à Saúde diz respeito. E, neste caso, tudo é Saúde.

Diretor do Serviço de Reumatologia no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE. – Hospital de Egas Moniz

Professor Catedrático e Diretor da NOVA Medical School / Faculdade de Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa