A União Europeia não vai receber as 380 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 esperadas para o segundo trimestre.
De acordo com a notícia avançada pelo jornal espanhol El País, a Comissão Europeia confirmou que só serão distribuídas 300 milhões de doses da Pfizer/BioNTech, Moderna, AstraZeneca e Janssen, a empresa farmaucêutica da Johnson & Johnson, cuja vacina deverá ser aprovada em breve.
O novo cálculo foi confirmado pelo porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer. “Não fazemos distinção entre vacinas aprovadas ou pendentes. Este é o número total de entregas estimadas para o segundo trimestre”, disse o responsável, citado pelo El País.
Embora Bruxelas não tenha revelado quais as farmacêuticas que vão falhar no compromisso, a Astrazeneca está sob escrutínio, uma vez que falhou as entregas no primeiro trimestre e revelou vários problemas na produção, estando agora a produzir fora da UE. Caso os países onde as vacinas estão a ser produzidas tenham problemas, esta quebra pode ser ainda maior.
A Comissão Europeia continua a acreditar, contudo, que será possível vacinar 255 milhões de pessoas até ao final do verão – o equivalente a 70% da população adulta.
De realçar que já esta terça-feira, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a impaciência por parte dos países europeus em torno do ritmo da vacinação contra a covid-19 é “legítima”, mas não deve ser “cega” e avisou que se a UE não tivesse uma estratégia comum para a Europa, de confiar à Comissão Europeia a compra das vacinas, muitos Estados-membros “não teriam ainda recebido uma única dose”, dado que “países maiores teriam sido os primeiros na fila” a serem servidos.
Uma posição com a qual a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, parece concordar. Segundo a Bloomberg, von der Leyen disse que a Comissão Europeia está “cansada de ser o bode expiatório” para o lento lançamento de vacinas. Face às críticas, a responsável culpa os fabricantes, sobretudo a AstraZeneca, pelos atrasos no plano de vacinação contra a covid-19. A presidente da Comissão Europeia disse ainda que concorda que os Estados-membros bloqueiem a exportação de vacinas produzidas na União Europeia.