As alterações climáticas e a escala temporal do homem no universo

As alterações climáticas e a escala temporal do homem no universo


É de uma enorme soberba e jactância que os “sábios” nos venham “garantir” que é preciso salvar o planeta e que os humanos são os principais responsáveis por mudanças cósmicas tão complexas como as alterações climáticas.


Hoje recebi um envio de um amigo francês que recorda, com fotos da época, a terrível invernia registada em França (e na Europa em geral) no início de 1956. Há 64 anos, portanto, data em que se estimava que a população mundial era de, “apenas”, menos de 3 mil milhões de Homo sapiens (2,8 mil milhões, mais exactamente). Em Lisboa nevara “anormalmente” em janeiro de 1945 e tornara a nevar, ainda mais intensamente, no começo de fevereiro de 1954.

Foram todas essas imagens (na ausência de outras provas afins sobre as “recentes” Eras do Gelo, nomeadamente a da Idade Média, documentada aliás em textos e pinturas) que ditaram a razão desta reflexão.

Hoje, com 7,8 mil milhões dos “ditos homens sábios”, ou seja, quase três vezes mais deles (e delas) do que em 1956, passou (e bem) para a opinião pública a percepção de que as alterações climáticas que vamos sentindo (e registando de há pouco mais de século e meio para cá), existem de facto. Logo uns quantos (uns, activistas, outros inconscientemente manipulados pelo medo do “fim”) propalaram a tese “garantida” que “essas alterações são PRINCIPALMENTE devidas à acção do Homem”.

Daí a propor e defender uma “nova ordem” política, económica e social mundial (e nacional), em nome do combate a essas alterações climáticas, foi um pequeno salto… acompanhado por novos gurus, figuras mediáticas (crianças e jovens de boa-fé) e… disfarçados aprendizes de ditadores (por uma boa causa, como eles sempre vieram rotulados).

Este texto não se insere pois em qualquer corrente “negacionista” dessas alterações climáticas mas apenas corresponde ao desejo de dar, a quem o ler, uma ideia real da “ínfima” dimensão temporal e física do Homem no Mundo Natural/Estado Natural ou Natureza, tal qual o conhecemos ou imaginamos.

Depois cada um tirará as suas conclusões.

Ora vejamos.

Há 13,7 mil milhões de anos (segundo as fontes ao dispor dos interessados, pese embora o inevitável grau de incerteza das estimativas) terá “nascido” o Universo; há 4,5 mil milhões de anos terá “surgido” a Terra; há 3,5 mil milhões de anos ter-se-á iniciado o processo da fotossíntese e “pouco depois” (há 3 mil milhões de anos) começa a formar-se uma atmosfera rica em oxigénio; há 1,6 mil milhões de anos terão sido formados os primeiros seres unicelulares e só há 600 milhões de anos terá surgido o primeiro ser vivo com um organismo minimamente estruturado; a partir daí ter-se-ão desenvolvido seres vivos mais complexos (no mar?) e “apenas” há 380 milhões de anos os primeiros animais marinhos que se “aventuraram” a viver na terra firme constituíram os primeiros vertebrados terrestres; há 200 milhões de anos, fruto de poderosos movimentos geológicos, ter-se-ão formado as primeiras “florestas de carvão” e entre 230 e 65 milhões de anos atrás terão existido os dinossauros; há 20 milhões de anos terão vivido os primeiros hominídeos, tendo sido encontrados vestígios do “conhecido” Austrolopithecus que terá existido há 4 milhões de anos; há cerca de 2 milhões de anos atrás ter-se-á desenvolvido o Homo habilis (aparentemente, o primeiro a conseguir construir instrumentos de pedra cortantes); há 1,8 milhões de anos terá tido lugar a mais importante parte da evolução em direcção aos “humanos” para os humanos e há 0,2 milhões de anos (há “apenas” 200 mil anos), surgiram os primeiros seres já designados por “humanos” que “conviveram” entre si e em territórios diversos; há 50 mil anos (foi “ontem”, nesta longa cronologia…) consuma-se a extinção dos outros humanos e o domínio do Homo sapiens. Mas foi apenas há 12 mil anos que se admite que na Terra se tenha registado um período de equilíbrio global dos seus ecossistemas e esse período foi chamado Holoceno (que alguns dizem já ter sido substituído, na prática, pelo Antropoceno, depois do boom de consumo de materiais e de “progresso” ditado pela invenção da máquina a vapor).

Fica assim para trás uma gigantesca e vertiginosa listagem de factos e de datas, razão por que vos proponho tentar passar tudo isto para os ponteiros de um relógio imaginário que tem o seu “primeiro segundo” há 13,7 mil milhões de anos (quando o Universo se forma). Concluímos pois com facilidade que, nesse primeiro relógio imaginário, a Terra (formada há 4,5 mil milhões de anos) surgiu apenas às 14h53 !

Mas façamos agora o mesmo exercício – porque é o Homem, “esse malvado”, que nos interessa aqui – e imaginemos um segundo relógio virtual que tem o seu momento “zero horas” aquando do início da Terra (há 4,5 mil milhões de anos) e o seu momento “24 horas” agora, neste exacto dia e neste preciso momento em que lê este texto:

– O relógio começou pois a contar o tempo quando o Universo se formou e só às 6h00 da manhã se terá verificado o início da fotossíntese;

– Às 13h18 começou a formar-se uma atmosfera rica em oxigénio;

– Só às 21h12 se regista a primeira vida (unicelular) sobre o planeta;

– Às 22h00 regista-se o aparecimento dos primeiros vertebrados terrestres;

– Às 22h54, fruto de milhões de anos de movimentos telúricos, do resultado da fotossíntese e do correspondente desenvolvimento da vida vegetal, ocorre a “idade das florestas de carvão”;

– Às 23h05 (estamos quase na meia-noite !!!) surgem os precursores dos hominídeos (grandes primatas);

– Às 23h18 terá existido e proliferado o Austrolophitecus, uma diferenciada variedade dos hominídeos;

– Às 23h37 ter-se-á diferenciado o Homo habilis (“primo” afastado dos primatas que conhecemos), já capaz de fabricar instrumentos e utensílios rudimentares, enquanto evolui simultaneamente o Homo erectus, já capaz de usar e dominar o fogo;

– Às 23h55 (há 200 mil anos) os primeiros humanos começam a distinguir-se dos restantes primatas. Repare-se que foi apenas há cinco minutos !!! (em relação ao momento actual);

– Às 23h59 minutos (há apenas um minuto!!!) concretiza-se a extinção impõe-se o Homo sapiens…!

E para não continuar, pode concluir-se que Cristo nasceu há… 0,04 segundos!!!!

Tudo isto afinal para dizer que é de uma enorme soberba e jactância que os “sábios”, com os seus (indiscutivelmente) sofisticados computadores e modelos matemáticos da evolução do Planeta (usando apenas 150 anos de dados estatísticos), os activistas de agendas totalitárias e os políticos oportunistas, nos venham “garantir” que é preciso “salvar” o Planeta e que são os 7,8 mil milhões de humanos os PRINCIPAIS responsáveis por mudanças cósmicas tão complexas como as alterações climáticas.

Que as comunidades humanas são parte activa não negligenciável dessas mudanças, julgo que ninguém pode ter dúvidas, assim como ninguém parece ter dúvidas que a educação (esclarecida e informada), o espírito cívico e a cidadania têm muito e importante trabalho pela frente….mas nunca para “salvar” o Planeta. Ele tratará de si…e de nós… se não formos efectivamente capazes de nos reorganizarmos enquanto sociedade.

Só que podemos e devemos fazê-lo em liberdade e em democracia….acho eu…