Escolas. Janelas basculantes impedem arejamento das salas de aula

Escolas. Janelas basculantes impedem arejamento das salas de aula


Algumas escolas “do tempo de José Sócrates” dificultam cumprimento das normas de segurança. Diretores e associações de pais confessam nervosismo no regresso ao ensino presencial.


O ano letivo arrancou esta segunda-feira em muitas escolas de norte a sul do país mas, em tempos de covid-19, os cuidados a ter no regresso ao ensino presencial levam alguns pais e alunos a sentirem-se “ansiosos”. “Há alguma expetativa e ansiedade no retorno à escola”, confessou ao i o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima. Mas existem, porém, outras dificuldades nos estabelecimentos escolares que podem impedir professores e alunos de respeitarem as regras implementadas pelas Direção-Geral da Saúde (DGS). Há escolas da Parque Escolar – programa de renovação dos edifícios de escolas públicas lançado em 2007, durante o primeiro Governo de José Sócrates – que têm apenas janelas basculantes, que dificultam o arejamento conveniente das salas de aula.

“Em algumas escolas megalómanas, do tempo de José Sócrates, existem janelas que são basculantes. Só abrem um pouco e não na sua totalidade. E isso pode realmente acontecer nessas escolas. Por isso, poderá haver esse constrangimento. Mas também sei que esse constrangimento é fácil de ultrapassar, porque essas janelas poderão também ser janelas normais de total abertura. Mas claro que terá de haver um custo. É preciso promover o rearranjo dessas janelas”, explicou Filinto Lima. E o presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Jorge Ascenção, acrescentou que, nestes casos, é necessário existir atenção redobrada.

“Sabemos que há escolas com novas construções e nas quais o arejamento não é o melhor. As janelas não abrem, portanto terá de haver um maior cuidado com a higienização. Mas sim, em algumas escolas há essa dificuldade. As janelas não abrem de par em par”, garantiu.

E para que haja essa preparação e uma maior monitorização nas escolas, Filinto Lima esclareceu que o trabalho realizado com os centros de saúde tem sido fundamental. “Estamos a trabalhar muito com os centros de saúde e com o delegado de saúde local. Na minha opinião, é uma peça-chave para solucionar problemas. Em parceria com as escolas, vão monitorizando o que se vai passando nos estabelecimentos escolares”, adiantou ao i.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) deixa o alerta, no entanto, para a falta de rigor nas medidas de contenção. “Nós achamos que nada substitui o ensino presencial, mas se as medidas não forem exigentes, rigorosas, se não forem aquelas que se recomendam para a comunidade, o que vamos ter rapidamente é escolas a fechar”, sublinhou esta segunda-feira o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, em declarações junto à Escola EB 2,3 Marquesa de Alorna, em Lisboa.

Dificuldades no pré-escolar e ensino básico
As recomendações da DGS para os ensinos pré-escolar e básico passam por não permitir que os pais acompanhem as crianças que ingressam pela primeira vez no estabelecimento escolar. Mas, ao i, Jorge Ascenção admitiu que esse é um dos maiores problemas atuais.

“As orientações indicam que é para evitar a entrada de pais, mas quando estamos a falar de crianças que vão para uma escola pela primeira vez é um bocadinho violento quando o pai fica do lado de fora e a criança vai sozinha, encontrando depois uma pessoa que nunca viu. Talvez pudesse ter sido organizado de forma diferente durante esta semana – por grupos pequenos, em boas condições de segurança. Era bom terem o pai ou a mãe ao lado para haver uma adaptação, pelo menos no primeiro dia. Esta é uma das dificuldades que mais se estão a sentir ao nível do ensino escolar”, concluiu.