“Um país que continua a injetar milhões para salvar bancos parece que não aprendeu nada com este vírus”

“Um país que continua a injetar milhões para salvar bancos parece que não aprendeu nada com este vírus”


Ana Rita Cavaco falou, esta terça-feira, num webinar, que contou com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, sobre o papel dos enfermeiros atualmente. 


No dia em que se celebra o Dia Internacional dos Enfermeiros, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, deixou algumas palavras sobre a profissão e sobre a mudança necessária na forma de olhar para os enfermeiros do país, durante um webinar, que contou com a participação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. 

"Num sistema de saúde frágil como é o nosso, historicamente subfinanciado e politicamente desprezado, parece hoje claro que os enfermeiros portugueses chegaram antes de tempo. O seu papel só agora começa a ficar claro aos olhos da opinião pública. A hora do reconhecimento é agora e as palmas não bastam", declarou. 

Durante o webinar, Ana Rita Cavaco falou da decisão do primeiro-ministro em relação ao Novo Banco, que recebeu mais de mil milhões de euros do Fundo de Resolução na semana passada, dos quais 850 milhões de euros dos cofres públicos. "Um país que continua a injetar milhões para salvar bancos parece que não aprendeu nada com este vírus", apontou. 

Sobre o dia em que se celebra os enfermeiros, muitos deles que se encontram na linha da frente de combate à covid-19, que mudou o estilo de vida não apenas dos portugueses mas da população internacional, Ana Rita Cavaco fala desta fase "particularmente delicada" e mencionou Florence Nightingale, "a primeira mulher a bater-se pelas boas práticas no controlo de infeção", que nasceu no dia 12 de maio, e que  impôs a obrigatoriedade da lavagem das mãos e revolucionou as práticas de higiene nos hospitais de campanha britânicos durante a Guerra da Crimeira, uma prática que voltou a ser mencionada todos os dias e tornou-se muito importante para conter a propação da covid-19.

"Foi preciso tempo para o mundo compreender o papel de Florence. Foi também preciso tempo para os portugueses entenderem o contributo fundamental dos enfermeiros. A verdade é que o tempo corre quase sempre contra os visionários, os artistas, aqueles que chegam antes do tempo", disse a bastonária.