O mercado imobiliário vai sofrer uma profunda alteração na sequência da pandemia de covid-19. E, se de tal houvesse dúvidas, elas ficaram, ontem, praticamente dissipadas após a divulgação do inquérito trimestral do Banco de Portugal (BdP) que prevê “uma forte redução [da procura de crédito] por parte dos particulares, principalmente no segmento da habitação”.
Segundo o relatório, é expectável um “apertar do cinto” por parte das famílias portuguesas, devido ao contexto de crise, que resultará, naturalmente, numa queda acentuada na procura de crédito à habitação. Perante este cenário, a banca nacional reagiu à semelhança da tendência verificada pela Europa – e confirmada pelos mais recentes relatórios dos bancos centrais na generalidade dos países da zona euro –, alegando ser necessário tornar “mais restritivos” os critério para a concessão de crédito à habitação (e outros) a particulares.
Tudo somado, conclui-se que o período pós-estado de emergência, onde se espera dar início à retoma da atividade económica, deverá reunir condições menos favoráveis para a compra e venda de casas por particulares. E o mercado imobiliário deverá refletir essas dificuldades com a queda dos preços da habitação – uma descida que já tinha começado a verificar-se no mês passado, altura em que a pandemia de covid-19 chegou ao país e foi decretado o primeiro estado de emergência.
Os números assim o confirmam. De acordo com uma ronda feita pelo i, foi possível ver nos anúncios essa redução de preços. Em Lisboa, um imóvel em Alvalade que custava 720 mil euros já custava em março 648 mil euros (uma queda de 10%). Nas Avenidas Novas, essa diminuição ronda os 11%, passando dos 730 mil para 650 mil euros. Na mesma zona, é possível contar com uma descida de 990 mil para 875 mil euros (queda de 12%) ou de 1,1 milhões para 995 mil euros (menos 13%). Já em Alfama, há imóveis que passaram de 1,4 milhões de euros para 1,1 milhões de euros (uma redução de 20%). Nos Olivais, outro bairro da capital, há casas que em dois meses reduziram mais de 35%. O Porto também acompanha esta tendência e há imóveis que passaram de 795 mil euros para 520 mil euros. Regra geral, há uma redução de mais de 20% nos imóveis. Uma tendência de redução que poderá ser mais significativa fugindo das principais cidades, pois basta ir para Almada ou Setúbal, onde é possível encontrar imóveis T3 por menos de 190 mil euros. Ou casos, como em Setúbal, em que a redução atinge os 40%..
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