Emprego.  As profissões que mais recrutam em tempo de pandemia

Emprego. As profissões que mais recrutam em tempo de pandemia


Médicos, enfermeiros e farmacêuticos têm sido cada vez mais recrutados para o combate à covid-19. Professores online e psicólogos também são muito procurados.


Não é só nos supermercados que o recrutamento tem aumentado devido à covid-19. A procura de médicos, enfermeiros e farmacêuticos tem sido constante nos últimos dias, como mostram vários anúncios na plataforma Net Empregos. No Hospital de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, por exemplo, estão a ser recrutados enfermeiros e farmacêuticos e, segundo o i apurou, o Hospital São Francisco Xavier tem vindo a contactar um elevado número de enfermeiros para se juntarem à equipa de combate ao novo coronavírus. Não são casos únicos. Em hospitais de norte a sul do país estão a ser tomadas medidas para ser dada uma melhor resposta à fase de mitigação do surto. O Hospital de Ovar, município em estado de calamidade pública, criou uma bolsa de recrutamento de médicos e a Cruz Vermelha de Braga está também a recrutar auxiliares da ação médica para combater a crise de recursos humanos. O Hospital de São João, no Porto, está há mais de três semanas a reforçar todos os serviços de saúde e no Hospital das Forças Armadas, em Lisboa, o processo de recrutamento foi revisto para haver um maior equilíbrio.

Também existem farmácias que estão à procura de novos trabalhadores, principalmente devido à divisão estratégica dos turnos por causa da covid-19. O i sabe que na farmácia Higiénica, na Póvoa de Santa Iria, os farmacêuticos trabalham totalmente protegidos, com uma espécie de vedação em plástico, e devido ao esforço exigido aos profissionais é necessário encurtar horários. A farmácia União, em Benfica, também iniciou um processo de recrutamento.

Também na área educacional existem profissões que têm conquistado terreno nesta fase de Estado de Emergência em Portugal. Os professores que dão aulas através da internet têm tido trabalho reforçado – e não só por terem mais alunos. Também há que esclarecer dúvidas e dar formação aos docentes que não se sentem tão à vontade a lidar com as novas tecnologias. Ao i, Vítor Pereira, professor de Matemática que leciona através do Youtube – tem o canal Explicamat para dar explicações online –, confessa que tem recebido mensagens de muitos professores a pedir ajuda. “Trabalho na área online há muitos anos. Sou uma espécie de professor youtuber. Não no sentido de ganhar a vida em publicidade mas para ensinar. Nesta fase da pandemia têm chovido mensagens de professores, conhecidos e desconhecidos, para tentarem perceber as melhores estratégias para dar aulas através de vídeo. Notou-se um aumento na procura”, começa por dizer, sublinhando que existem muitos profissionais do ensino que se sentem perdidos porque é tudo “novo” e são obrigados a aderir às novas tecnologias. “Muitos professores estão perdidos e não sabem como dar aulas pela internet. Para quem não está habituado é normal, pedem-me para fazer várias coisas. Tenho duas filhas e uma das professoras delas já me pediu para fazer vídeos. Pedem-me formas de como fazer a comunicação adequada”, refere Vítor Pereira, reforçando que “muitos professores” estão a passar por uma fase negativa devido ao encerramento das escolas. “Podem passar mal, uma vez que o ensino à distância que está a ser feito é atabalhoado. É algo feito à pressa. E, além disso, é uma coisa que temos de fazer obrigados. E isso é muito difícil. Existem muitas coisas negativas e, no futuro, os professores vão pensar: ‘Nem me fales nisso’. Dar aulas online não foi algo pensado, foi algo forçado aos professores”, atira.

Outra dos profissionais mais requisitados nesta época de isolamento social são os psicólogos. Ao i, a psicóloga Rita Jonet admitiu que é necessário reforçar o apoio com ideias inovadoras que estão a ser utilizadas diariamente. “Tenho uns alunos que se juntam num determinado período do dia, através do WhatsApp, e fazem jogos. Até jogam xadrez. É muito importante que haja essa gestão de recursos por parte dos psicólogos que têm tido cada vez mais trabalho”, considera.

 

Médicos 
Como seria de esperar, os profissionais de saúde estão a ser cada vez mais requisitados. Em Ovar, município em estado de calamidade pública, foi criada uma bolsa de recrutamento de médicos, algo que tem acontecido em muitos hospitais de norte a sul do país. Existe uma necessidade urgente de combater o novo coronavírus e, para isso, é absolutamente necessário reforçar as equipas para também dar resposta a quem se sente preocupado. Em grupos no Facebook, há muitos médicos que procuram responder às dúvidas e medos que o surto tem vindo a provocar nas pessoas.

Enfermeiros
Tal como os médicos, também os enfermeiros têm um papel preponderante no combate à covid-19. Assim, vários têm sido recrutados de norte a sul do país para ajudar os doentes contaminados. Há 1124 profissionais de saúde infetados e os enfermeiros são os mais afetados, com 282 casos positivos. Há que, por isso, gerir o esforço e ajustar os horários para que estes profissionais de saúde não sofram tanto com a propagação do surto. “São profissionais que têm estado sempre na linha da frente deste combate”, disse o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales.

Farmacêuticos

Nas farmácias, a corrida aos medicamentos também tem dificultado o trabalho dos farmacêuticos e, por isso, também têm reforçado as equipas de norte ao sul do país. Uma das exceções impostas pelo Governo para poder sair de casa é ir à farmácia comprar medicamentos. Por um lado, o receio à volta do novo coronavírus faz com que os portugueses comprem mais medicamentos quando sentem sintomas relacionados com o surto. Por outro lado, tem sido necessário refazer os turnos dos farmacêuticos para combater o cansaço e obter uma maior produtividade durante o horário de trabalho.

Professores para ensino online

Com o encerramento das escolas, os professores que dão aulas online têm tido uma maior procura, principalmente aqueles que lecionam através do Youtube. Vítor Pereira, “professor de matemática youtuber”, diz ao i que são muitas as pessoas que o contactam para esclarecer dúvidas e ajudar a comunicar melhor através da internet. “Até docentes que, como não estão habituados a este mundo digital, pedem-me ajuda para fazer vídeos explicativos”, revela. O certo é que o Governo está a estudar o cenário de haver aulas em versão tele-escola, utilizando a tecnologia para colmatar o vazio deixado pelo encerramento das escolas.

Psicólogos

Os psicólogos têm sido cada vez mais procurados nesta fase de isolamento social devido à covid-19, segundo apurou o i. As alterações das rotinas, de quem estava habituado a sair à rua todos os dias, fazem com que se saia da zona de conforto do ser humano, que exige frequentemente contacto social e agitação. No entanto, agora em casa, é urgente contrariar a inércia e arranjar estratégias para lidar da melhor forma com esta paragem. “Agora é muito mais difícil criar ambiente, mas é necessário usar outras ferramentas, ter mais paciência, ouvir histórias, comunicar através da internet”, exemplificou a psicóloga Rita Jonet.

Profissionais de Segurança 

Os agentes da autoridade policial, como PSP e GNR, têm tido trabalho reforçado nesta altura, devido às operações de fiscalização que têm sido efetuadas de norte a sul do país. O objetivo é controlar quem sai de casa, com a sua viatura, sem cumprir as regras impostas pelo Governo, seundo as quais só é permitido sair à rua para fazer o que é estritamente necessário. Recentemente foram efetuadas operações de fiscalização tanto na Ponte 25 de Abril como na Segunda Circular, em Lisboa, com o intuito de impedir que se saia em lazer. Caso não haja uma justificação plausível, o condutor terá de regressar a casa.

Funcionários de supermercado

Supermercados lotados e grandes filas de espera são também uma realidade vivida em Portugal nas últimas semanas, o que levou a que as grandes superfícies comerciais começassem a alargar a equipa de trabalhadores. Mas tanto para a própria loja como para o serviço de entregas, que disparou. O i sabe que as encomendas nas maiores cadeias de supermercados obrigam a esperar alguns dias pela entrega face ao aumento da afluência dos canais online. Uma das primeiras cadeias de supermercado a pedir ‘ajuda’ foi o Lidl que até criou uma campanha para o efeito. A ideia é conseguir contratar mais funcionários para esta altura.

Estafetas
A entrega em casa dos mais variados produtos e serviços tem levado ao aumento da contratação de estafetas. Esta tem sido a resposta das empresas à nova realidade do país. Numa altura em que é pedido aos portugueses que fiquem em casa, há empresas e serviços que não podem parar. E, por isso, tem havido processos de recrutamento em grande parte das empresas, com o objetivo de aceder da melhor forma aos pedidos dos clientes, que também aumentaram devido ao facto de as pessoas ficarem mais tempo em casa do que em situações normais. Para fazer face à procura, as empresas têm aumentado o número de trabalhadores para que o serviço não sofra falhas.